Detido suspeito da morte de opositor ao Governo tunisino

Assassínio de Chokri Belaid mergulhou a Tunísia numa nova crise política, ao desencadear os maiores protestos desde a queda de Ben Ali há dois anos.

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Manifestantes com fotografia de Belaid em manifestação contra o partido no poder, na semana passada Zoubeir Souissi/Reuters

A polícia tunisina deteve nesta segunda-feira um islamista radical suspeito pelo assassínio do político da oposição Chokri Belaid. Um homicídio que no início do mês desencadeou protestos por todo o país e mergulhou a Tunísia numa nova crise política.

A morte de Belaid, assassinado a tiro na sua própria casa a 6 de Fevereiro, foi o rastilho para os maiores protestos desde os dias que se antecederam à queda de Zine al-Abidine Ben Ali, no início de 2011, com os manifestantes a responsabilizarem o Ennahda (partido islamista no poder) pelo assassínio do seu opositor.

Um alto responsável das forças de segurança adiantou à rádio tunisina Express FM que até agora foram detidos três radicais islamistas, incluindo um agente da polícia, por causa da morte de Belaid. Na semana passada, o ministro do Interior e da Justiça, Ali Larayedh, disse que a investigação ainda não tinha levado à identificação do assassino e dos seus motivos.

Durante o último ano, grupos salafistas impediram a realização de concertos por supostamente violarem os princípios islâmicos, atacaram uma exposição em Tunes e ameaçaram os artistas de morte. Para os seculares, entre os quais estava Belaid, o Governo é demasiado permissivo com os grupos islamistas, que continuam com os seus ataques em bares, cinemas e teatros.

A crise gerada pela contestação que se seguiu àquele que foi o primeiro assassínio político numa década na Tunísia, já levou à demissão do primeiro-ministro, Hamadi Jebali . Depois disso, o Presidente Moncef Marzouki nomeou Larayedh para a formação de um novo governo.

A revolta que depôs Ben Ali e serviu de rastilho para a Primavera Árabe foi há dois anos. Na Tunísia, a transição tem sido mais pacífica do que em países como o Egipto e a Líbia, mas com uma grande tensão entre islamistas, no poder, e laicos, que temem que este Governo lhes tire as liberdades que a revolução lhes deu.

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