Espaços que se transformam em jogos

Aplicação transforma uma visita a um museu num jogo de quizz. Mas a Exciting Space quer chegar a espaços bem maiores.

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Nádia Carmo, Jason Pascoe e Nuno Alves, no Museu dos Coches, em Lisboa Nuno Ferreira Santos

A experiência dá aos visitantes a oportunidade de se porem no lugar de um crítico de arte: ao passar por cada quadro, podem pegar no iPad ou iPhone, classificá-lo do ponto de vista artístico e atribuir-lhe um valor de mercado. No final da visita, os valores são comparados com a média de todos os visitantes e com o parecer de peritos que foram convidados a opinar de propósito para esta aplicação. A ideia está ainda em fase de desenvolvimento, para uma colecção de arte de uma entidade privada, cujo nome não é possível revelar, diz Nuno Alves, co-fundador da Exciting Space.

A empresa nasceu no ano passado, sem investimento exterior e resulta da combinação de dois amigos com percursos muito diferentes.

Nuno Alves é economista e trabalhou mais de seis anos na Sonae Sierra, o braço do grupo Sonae dedicado aos centros comerciais. Jason Pascoe é um inglês que fala pouco português. Com formação na área da informática, andou em África a trabalhar em projectos de geolocalização numa altura em que os smartphones eram aparelhos da Palm nas mãos dos entusiastas de tecnologia ou de executivos.

Descreve a sua carreira como uma passagem por empresas sucessivamente mais pequenas (começou na IBM após a faculdade) e diz que hoje não se imagina a trabalhar noutro sítio que não na Exciting Space, onde apenas três pessoas trabalham a tempo inteiro. O terceiro elemento é Nádia Carmo, a designer que a dupla de fundadores acabou por contratar depois de Pascoe a ter conhecido no metro de Lisboa.

Nuno e Jason conheceram-se na Universidade do Minho, onde o primeiro fazia um mestrado e o segundo estava num projecto de investigação. A divisão de tarefas é simples: Nuno Alves dedica-se sobretudo à gestão, Pascoe faz a programação informática e Nádia o design. Um quarto elemento é chamado a colaborar quando os projectos envolvem animação digital, como é o caso da visita interactiva que criaram para o o primeiro cliente da Exciting Space: o Museu dos Coches, em Lisboa.

À entrada do museu, um cartaz explica a aplicação e mostra um código QR (uma espécie de código de barras de formato quadrangular) que permite descarregar a aplicação, em português ou inglês, sem ter de a procurar na loja da Apple. O museu, onde o trio da Exciting Space foi entrevistado, é pequeno. A aplicação oferece mapa das duas salas e um percurso com paragem em cada um dos coches, que foram numerados.

O objectivo, frisa Nuno Alves, não é criar uma brochura digital. A ideia passa antes por oferecer uma experiência de jogo que atraia visitantes. Por isso, para além da informação sobre cada coche e de animações explicativas, há uma pergunta de escolha múltipla para cada modelo. Logo no primeiro: para que serve o buraco por baixo de um dos assentos? Resposta certa: era uma casa de banho (e é provável que também servisse para os passageiros mais enjoados vomitarem).

A estratégia que a equipa está a desenvolver é a de criar esboço de projectos para cada instituição antes sequer de a abordarem. Mas o objectivo não é vender este género de serviços. As experiências interactivas servem para ganharem o dinheiro e a experiência para outro tipo de produtos, que possam ser vendidos directamente aos utilizadores e em grande escala. A ideia é criarem sites e aplicações que sirvam de guia para espaços muito maiores do que museus e colecções de arte: jardins, parques ou cidades inteiras. 

Artigo corrigido: a empresa chama-se Exciting Space e não Exciting Spaces, como estava escrito.

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