ADSE motiva troca de acusações entre PS e PSD

Os socialistas acusam o Governo e a maioria de criarem fait divers sobre o futuro da ADSE, enquanto o PSD diz que posição do PS mostra que este partido “não está preparado para governar”.

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Álvaro Beleza afirmou ao JN que a ADSE deveria ser extinta Adriano Miranda

O PS reiterou nesta segunda-feira a oposição à extinção da ADSE enquanto subsistema de saúde dos funcionários públicos e acusou o Governo e a maioria PSD/CDS de procurarem criar um fait divers.

 

A posição foi transmitida aos jornalistas pelo vice-presidente da bancada socialista José Junqueiro, no final do primeiro dia de Jornadas Parlamentares do PS, que terminam terça-feira e decorrem em Viseu.

Depois de o coordenador da direcção do PS para as questões de saúde, Álvaro Beleza, ter defendido a extinção da ADSE numa entrevista ao Jornal de Notícias, José Junqueiro reafirmou a posição de princípio deste partido sobre a questão. “O PS é contra a extinção da ADSE. É uma posição clara e quem define as posições é o PS. Este fait divers não cola”, declarou o vice-presidente do grupo parlamentar socialista. “Governo, PSD e CDS, nomeadamente o ministro Relvas, estão a tentar construir um fait divers para não responder a algumas questões”, disse.

Do outro lado, o PSD considerou que a postura dos socialistas quanto à extinção da ADSE é “um pouco caricata” e “mostra claramente que o PS não está preparado para governar”.

A posição social-democrata foi veiculada pelo deputado Couto dos Santos, numa declaração à comunicação social no Porto, na sede distrital do partido, durante a qual os socialistas foram acusados de “contradições permanentes que são uma desilusão enorme”.

“Quanto o secretário-geral [do PS] propôs a redução de deputados, o seu grupo parlamentar veio dizer que não. Agora, vem o porta-voz para a Saúde dizer para se extinguir a ADSE e o presidente do seu grupo parlamentar veio dizer que não”, ilustrou Couto dos Santos, referindo-se ao facto de Carlos Zorrinho ter negado, também nesta segunda-feira, nas Jornadas Parlamentares do PS, que a extinção da ADSE estivesse nos planos dos socialistas. O deputado social-democrata concluiu que “não é possível um partido que pretende ser alternativa ter esta atitude de contradição permanente”.

Álvaro Beleza afirmou nesta segunda-feira ao Jornal de Notícias que, caso os socialistas regressassem ao Governo, a ADSE deveria ser extinta, considerando que este subsistema de saúde é gerador de injustiças na sociedade portuguesa.

Interrogado sobre qual a situação em que ficará Álvaro Beleza dentro da direcção do PS após esta polémica, Junqueiro disse que o secretário nacional com o pelouro da saúde já se comprometeu em “respeitar a posição” do PS. “[Álvaro Beleza] sabe que é desde sempre essa a posição do PS e ele tem a própria, o que não é nenhum crime”, afirmou.

Com base no que disse Álvaro Beleza, Couto dos Santos realçou que “há no PS quem tenha propostas para lançar” sobre o assunto, visando “responder ao desafio do Governo quanto à refundação do Estado”, acrescentando que elas são “bem-vindas, porque está tudo em aberto”. “O que é preciso é que o PS diga o que é que quer: ou diz sim ou diz não. Afinal o que é quer para o Estado”, reforçou.

Questionado sobre qual é, por sua vez, a posição do PSD sobre a ADSE, Couto dos Santos, respondeu: “O Governo vai fazer uma grande discussão sobre a matéria. Não afirmou ainda o que vai fazer porque quer discutir com o povo português o que é que deve ser feito”.

“Os portugueses é que têm de dizer o que querem: ou mais impostos ou então redução do peso do Estado”, resumiu.

O deputado social-democrata, antigo ministro dos Assuntos Parlamentares e depois titular da pasta da Educação admitiu que no seu partido “poderá haver” também diferentes posições sobre a ADSE. “Mas o que é importante é que as pessoas discutam e cheguem a consenso formalizado para que o país entenda se um partido tem ou não credibilidade”.

“É isso que o PSD quer fazer. Tudo o que consta do relatório do FMI está em aberto”, declarou, considerando que o PSD tem procurado envolver o PS na discussão sobre o Estado.

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