Chávez e Capriles piscaram o olho aos mais jovens

Venezuela decide hoje se continua com líder do Partido Socialista Unido da Venezuela ou muda para representante da Mesa da Unidade Democrática

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Os apoiantes de Capriles, que foi escolhido em Fevereiro como candidato Carlos Garcia Rawlins/ Reuters

Chávez deixou o uniforme militar no armário durante a campanha para as presidenciais que hoje se disputam na República Bolivariana da Venezuela. Não cantou rancheiras ou canções do Llanho, como noutras ocasiões. Optou por um casaco ligeiro e um lenço ou um fato de treino. Cantou temas de hip pop. Não por acaso. Desafia-o Henrique Capriles, 18 anos mais jovem, enérgico, solteiro, que gera tanto entusiasmo entre as mulheres que alguns analistas discorrem sobre “mitologia erótica política”.

Jovens de diversas favelas de Caracas rejuvenesceram o Presidente, de 58 anos, em grafitos coloridos. Nas paredes que escolheram, Chávez “saca cavalos” numa Harley Davidson, joga basquete com uns “manos”, pratica boxe, dança hip hop, usa uma tatuagem no braço, submete-se a um corte de cabelo que deixa escrita a data das eleições. “Chávez es otro beta''. Beta é jargão. Diz-se: “tu beta es ése” no sentido de “a tua cena é essa”. A tua cena é a violência, a delinquência. Chávez é outra cena.

Segundo a Voto Jovem, uma organização internacional que promove a participação, 40 por cento dos eleitores têm menos de 25 anos. É uma importante fasquia do eleitorado, que um e outro lado tentaram atrair, entusiasmar, mobilizar.

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Os apoiantes de Chávez, no poder desde 1998 Tomas Bravo/ Reuters

"A juventude venezuelana deu um grande contributo nas primeiras etapas de revolução. Têm de tomar as rédeas da Venezuela no século XXI para aprofundar a revolução socialista, para acelerar a transição do capitalismo, mau, selvagem e desumano”, discursou Chávez, eleito pela primeira vez em Dezembro de 1998, no estado de Trujillo. Terão de ajudar a lutar contra a burocracia, a corrupção e a ineficiência que “muitas vezes se convertem em grandes inimigos internos da revolução”.

“Quero jovens livres, independentes. Não quero fuzis, quero universidades”, discursou Henrique Capriles, no Estado de Lara, prometendo reduzir a insegurança e criar um milhão de empregos – a taxa de desemprego entre os mais jovens está nos 17,7 por cento, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística. “Não há poder que possa com a força dos jovens. Convido-vos a pensar numa noite, uma noite como 7 de Outubro. Soa o nosso hino nacional e depois anuncia-se à nossa Venezuela que há um novo Presidente.”

Os jovens ganharam visibilidade com o encerramento do canal de televisão RCTV. Tomaram as rédeas na campanha pelo “não” no referendo sobre a Constituição que houve em 2007. E aí estão, muitos entre as 193.604 testemunhas acreditadas pelos dois principais candidatos para zelar pela consulta de hoje. Só de madrugada se saberá se o país optou por Chávez, líder do Partido Socialista Unido da Venezuela, ou por Capriles, representante da Mesa da Unidade Democrática.

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