Portuguesa ganha 1,6 milhões de euros para estudar montagem da “capa” das bactérias

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Foram concedidos 800 milhões de euros para 538 projectos de investigação Pedro Cunha (arquivo)

A parede celular é a estrutura que dá forma às bactérias e é um óptimo alvo para os antibióticos. Mas ainda se conhece pouco sobre esta componente, por isso a investigadora Mariana Gomes de Pinho, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), em Oeiras, quer conhecer por dentro a fábrica de montagem desta estrutura fundamental para as bactérias. O seu projecto valeu-lhe agora um subsídio do Conselho de Investigação Europeu (ERC, sigla em inglês), no valor de 1,6 milhões de euros.

Outros quatro investigadores chefes de laboratório, a trabalhar em Portugal, receberam os subsídios europeus de ciência para início de carreira, que foram anunciados na segunda-feira . Esta é a quinta vez que o ERC dá estas bolsas. Ao todo, 800 milhões de euros foram concedidos a 538 projectos de 21 países europeus, 44% dos projectos são da área das ciências físicas e engenharias, 37% são das ciências da vida e apenas 19% são das ciências socias e humanidades. O ERC recebeu 4741 projectos e a percentagem de sucesso foi baixa, apenas de 11.3%.

Além da investigadora do ITQB, os outros cientistas a receberem bolsas foram: Manuel António Moreira Alves, da Universidade do Porto, com um projecto sobre fluídos complexos; Lino Ferreira, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, que vai estudar nano-materiais que influenciam a actividade celular; Maria Goreti Ferreira Sales, do Instituto Superior de Engenharia do Porto, que vai trabalhar sobre marcadores de cancro; e Maria Mota, do Instituto de Medicina Molecular, da Universidade de Lisboa, que tem um projecto sobre a forma como os parasitas sentem os nutrientes.

O projecto de Mariana Gomes de Pinho vai trabalhar com a bactéria Staphylococcus aureus., “Portugal é um dos países da Europa com percentagens mais elevadas de estirpes [desta bactéria] resistentes aos antibióticos”, diz o comunicado do ITQB.

A parede bacteriana é uma estrutura essencial para a sobrevivência das bactérias. “Podemos pensar na síntese da superfície bacteriana como uma linha de montagem numa fábrica de automóveis”, explica a cientista em comunicado, que desde 2006 coordena o laboratório de Biologia Celular Bacteriana do ITQB.

“O que queremos fazer neste projecto é perceber em que local da bactéria é que cada passo do processo acontece e como é que as ‘máquinas’ necessárias para sintetizar cada componente da superfície bacteriana são postas no local certo e na altura correcta.” Para isso, a cientista quer produzir estirpes da bactéria em que os componentes desta fábrica estão marcados com proteínas fluorescentes que podem ser seguidas no microscópio.

No site da ERC estão os prazos para as candidaturas para os subsídios do próximo ano. Para os subsídios de início de carreira, os investigadores principais podem submeter as suas candidaturas até 17 de Outubro de 2012. Para os subsídios avançados, a data limite é de 22 de Novembro deste ano. Está ainda aberto o concurso deste ano para subsidiar projectos mais pequenos que termina já a 3 de Outubro.

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