Crónica de jogo: Vitória triste

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Cristiano Ronaldo e Postiga, os autores dos golos de Portugal no Luxemburgo Foto: Francois Lenoir/Reuters

A indispensável vitória não fugiu, mas o início da qualificação portuguesa para o Mundial 2014 dificilmente poderia ser mais desapontante. Contra os esforçados, mas limitados luxemburgueses, Portugal esteve a perder, chegou ao intervalo empatado e o melhor que conseguiu foi um suado triunfo por 2-1. Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga marcaram os primeiros golos da selecção nacional no Grupo F do apuramento para o Mundial do Brasil.

Paulo Bento, na véspera da partida, estava tranquilo. O seleccionador, que desde que assumiu o comando da equipa portuguesa nunca ficou desiludido, não acreditava que houvesse falta de motivação para defrontar o 106.º classificado no ranking da FIFA e assegurou que Portugal iria entrar em campo como se estivesse no Euro 2012. A mensagem chegou aos jornalistas, mas parece não ter chegado ao balneário.

Sem surpresa, Bento escolheu o mesmo “onze” que iniciou os quatro primeiros jogos do Euro 2012. Ronaldo, que apenas fez um treino a 100% durante toda a semana, não falhou a partida, Postiga ganhou a batalha com Nélson Oliveira pelo lugar “9” e o trio do meio-campo voltou a ser formado por Veloso, Moutinho e Meireles. Em teoria, as peças estavam no sítio certo, mas o puzzle luxemburguês revelou-se um inesperado quebra-cabeças. Culpa da desabrida exibição portuguesa.

Com 10 derrotas nos últimos 11 jogos, o Luxemburgo mostrou desde o primeiro minuto uma atitude diferente da displicência exibida pelos portugueses. Com apenas três profissionais (Mutsch, Gerson e Joachim) nos 20 convocados, os simpáticos luxemburgueses entraram na partida de forma atrevida. E logo aos 5’, Joachim mostrou que Pepe e Bruno Alves não iam ter uma noite sossegada. O “13” do Luxemburgo, que durante a pré-época transferiu-se do Dudelange para os holandeses do Willem II, foi o autor do primeiro remate.

Os cerca de sete mil portugueses que praticamente encheram o Estádio Josy Barthel, terão pensado que não passaria de um mero fogacho, mas o inesperado aconteceu mesmo: Daniel da Mota, filho de portugueses que chegou a treinar à experiência na Naval, recebeu na esquerda um passe de Joachim e à entrada da área, com um grande remate em arco, fez o primeiro golo. A partida já levava 13 minutos e Portugal continuava sem entrar em campo.

Só a partir do momento em que se encontraram em desvantagem, os portugueses resolveram acelerar (muito pouquinho) o ritmo: aos 14’, Moutinho fez o primeiro remate, mas a bola passou muito por cima; cinco minutos depois, Nani e Meireles entenderam-se bem, mas Schnell foi competente no corte e, aos 24’, na terceira tentativa, Ronaldo ultrapassou pela primeira vez a barreira na cobrança de um livre, mas Joubert defendeu para canto. Parecia óbvio que mesmo em “serviços mínimos”, Portugal ia marcar, mas como os portugueses revelavam demasiada aselhice, Gerson ajudou. Aos 29’, o médio que joga no Norrköping, perdeu-se em fintas à entrada da área, foi desarmado e a bola sobrou para Ronaldo que, isolado, não teve dificuldades para empatar.

Por momentos, o golo fez bem à selecção nacional, que surgiu com mais perigo junto da baliza luxemburguesa, mas o melhor que os portugueses conseguiram até ao intervalo foi acertar, através de remates de Ronaldo, duas vezes no poste direito da baliza de Joubert.

O surpreendente empate ao intervalo fez Paulo Bento arriscar e Miguel Veloso foi substituído por Varela. Ronaldo surgia agora com maior regularidade na zona central e o golo apareceu aos 54’: passe de Moutinho, recepção trapalhona de Postiga, finalização eficaz do avançado do Saragoça. Ao fim de quase uma hora de jogo, Portugal estava, finalmente, na frente do Luxemburgo.

Com a vantagem, novo travão na partida. Os portugueses voltaram ao devagar-devagarinho. Bento tentou segurar o jogo com a entrada de Custódio e os luxemburgueses voltaram a mostrar-se e, aos 61’, o inevitável Joachim obrigou Rui Patrício a suar um pouco a camisola. É verdade que Ronaldo e Postiga ainda podiam, até final, ter dilatado a vantagem, mas a margem mínima assenta muito bem à triste vitória de Portugal no Luxemburgo.

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