Proença avisa que Congresso Democrático das Alternativas pode criar divisões na esquerda

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José Reis, porta-voz do Congresso Democrático das Alternativas, refere-se ao "sectarismo na esquerda" como um "ponto que não interessa"

Uma comitiva do Congresso Democrático das Alternativas reuniu com as principais centrais sindicais. Apesar de considerarem ter tido “um feedback positivo”, João Proença assume que adesão da CGTP ao movimento é “irrealista”.

O objectivo era discutir políticas concertadas com as principais centrais sindicais. Se, em declarações ao PÚBLICO a à Agência Lusa, o porta-voz do congresso José Reis disse ter tido “um feedback positivo”, o líder da UGT disse ao PÚBLICO ser “irrealista” uma adesão da central sindical a este movimento. O sindicalista foi mais longe e avisou que o Congresso Democrático das Alternativas pode causar “divisões da esquerda”, nomeadamente nas temáticas da renúncia ao memorando da troika.

Proença refere que o “Partido Socialista perderia credibilidade interna e externa se aceitasse participar numa iniciativa que rejeitasse os acordos com a troika”, realçando a importância de se estabelecerem “objectivos comuns” necessários para constituir “frentes”.

Já Arménio Carlos, da CGTP-IN, apesar de elogiar o processo de reflexão proporcionado por estas iniciativas, refere que esta é “ainda é mais importante quando articulada com acção”. O líder da Intersindical revelou que a “CGTP está já a perspectivar” essas acções, nomeadamente “um conjunto de propostas que serão divulgadas na próxima semana, com acções com forte ligação aos locais de trabalho e às populações”.

Já o porta-voz da delegação do Congresso Democrático das Alternativas preferiu destacar a “excelente troca de ideias”, sublinhando que “há denominadores comuns que é possível encontrar”, especialmente na “situação de excepção” em que nos encontramos. “A sociedade portuguesa está dramaticamente empobrecida e desigual, é sobre isto que é preciso convergir, criar alternativas”, disse.

José Reis procurou fugir das polémicas em torno da desunião da esquerda, adjectivando o “sectarismo” como “um ponto que não interessa”. Contudo, o economista admitiu que a sociedade portuguesa “tem dificuldades em se unir”.

“Pensamos sobretudo em convergência. Não nos colocamos numa mera questão de esquerda e direita”, salientou. Quanto aos problemas que afectam o país, o ex-secretário de Estado do Ensino Superior de António Guterres diz ser necessário “um grande investimento em tudo o que constitui coesão social, impede a marginalização de sectores cada vez maiores e que permita relançar a economia”. José Reis traça um veredicto negro quanto aos resultados da intervenção externa. “A economia portuguesa está morta e paralisada”, revelou.

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