Deutsche Bank admite envolvimento de funcionários no caso da manipulação da Libor

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O banco alemão garante que continuará a agir que as regras da instituição sejam respeitadas Foto: Johannes Eisele/AFP

Depois de semanas de silêncio sobre o escândalo da manipulação da taxa interbancária Libor pelo Barclays, o Deutsche Bank confirmou esta terça-feira que alguns funcionários estão implicados no caso, mas assegurou que as pessoas em causa agiram por sua iniciativa.

Os funcionários “não respeitaram as regras do banco”, reconhece o maior banco privado alemão, e um dos maiores da Europa, numa carta enviada aos seus trabalhadores na qual dá a entender que as pessoas em causa já terão sido suspensas ou demitidas, escreve a AFP.

No documento, que a agência cita, o presidente do conselho de supervisão do banco, Paul Achleitner, garante que “nenhum membro da direcção, antigo ou actualmente em funções” está implicado no caso, de acordo com os resultados preliminares de uma investigação interna.

De acordo com a imprensa internacional, terão sido suspensos dois funcionários suspeitos de estarem envolvidos na manipulação daquela taxa interbancária, utilizada no espaço anglo-saxónica, e que serve de referência em operações financeiras, estabelecendo, por exemplo, o valor médio a que se praticam os empréstimos entre bancos.

A primeira entidade financeira a ser multada no quadro de uma investigação recente sobre manipulação da Libor foi o banco britânico Barclays, estando agora a ser investigados pela Comissão Europeia vários bancos europeus por suspeita de práticas ilegais na definição da Euribor, a taxa que serve de referência à maioria dos empréstimos na zona euro.

Foi na sequência do caso Barclays, aliás, que Bruxelas alterou uma proposta de regulamento e directiva, com menos de um ano, prevendo a aplicação de sanções penais ao abuso de informação e à manipulação de mercado.

A Comissão quer que a manipulação ou a tentativa de manipulação das taxas de juro interbancárias possa ser alvo de infracção penal, razão pela qual propôs alargar a definição do que se considera “manipulação de mercado”, para abranger a manipulação da Libor e da Euribor.

Na carta enviada aos funcionários, o Deutsche Bank assegura que vai continuar a agir para garantir que as regras em todas as actividades são respeitadas.

O grupo alemão anunciou também hoje que planeia despedir 1900 trabalhadores. Do total de funcionários em causa, 1500 são da área da banca de investimentos. Num plano de poupanças global de 3000 milhões de euros, a instituição prevê uma diminuição de despesas com pessoal no valor de 350 milhões de euros. No segundo trimestre, os lucros do banco baixaram 63% em relação ao mesmo período do ano passado, para 661 milhões de euros.

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