“Onde está Assad?”, perguntam os sírios. Em Latakia, responde a oposição

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Bashar al-Assad no juramento do novo ministro da Defesa, Fahad Jassim al-Freij Sana/Reuters

Oficialmente, Bashar al-Assad levantou-se de manhã e dirigiu-se ao seu gabinete para desempenhar as suas tarefas de Presidente. A oposição síria garante que continua aos comandos do país, mas que o faz a partir de Latakia, a cidade costeira no Noroeste, onde os alauitas são a maioria.

Para calar rumores, Assad fez a sua prova de vida. A televisão estatal síria mostrou esta tarde imagens do Presidente, com o novo ministro da Defesa, Fahad Jassim al-Freij a prestar juramento. Freij substitui o general Daoud Rajha, um dos mortos do ataque de quarta-feira contra a sede da Segurança Nacional, a principal agência de serviços secretos do país. O cenário parece o do seu gabinete habitual, em Damasco, mas a televisão não deu nenhuma indicação sobre o local onde foram gravadas as imagens de Assad.

Muitos opositores insistem que está em Latakia. A lógica diz que, por estes dias, Latakia será um local mais simpático para Assad do que Damasco.

“A nossa informação é que ele está no seu palácio de Latakia e pode estar lá há dias”, disse à agência Reuters um opositor que pediu o anonimato. Nas televisões árabes abundam os adversários do regime que dão a cara para afirmar o mesmo: Rami Abdel Rahman, do Observatório de Direitos Humanos, ou Muhyi al-Din al-Ladkani, da Declaração de Damasco, de um grupo da oposição, por exemplo.

Diferentes opositores e analistas falam há muito de um plano da minoria religiosa alauita – no poder – para se refugiar na região costeira entre o Líbano e a Turquia. É ali que muitos dos principais responsáveis do regime têm as suas raízes familiares (e tribais) e casas de Verão. A ideia seria defender a região militarmente até ao fim, na perspectiva de ali conseguirem fundar um estado alauita.

“No caso pouco provável de colapso do regime sírio, os alauitas poderiam sentir-se tentados a agarrar-se militarmente às províncias costeiras de Latakia e Tartus, sem ceder a administração das suas zonas à autoridade de Damasco”, escreveu já no princípio da revolta Talal el-Attrache, autor de “Quand la Syrie s’éveillera”, recorda agora o "El País".

Tartus, 90 quilómetros a sul de Latakia, é a cidade onde os russos têm uma base naval (a única de que dispõem em todo o Médio Oriente). Para lá dos factos, poucos, e da lógica, sobram os muitos rumores. Um coloca Asma, a mulher de Bashar, refugiada já na Rússia com os filhos do casal. Oficialmente, Moscovo diz apenas que nem sequer está a negociar, para já, a possibilidade de acolher o líder sírio.

Segundo outros rumores, também Assad estava no interior da sala da sede da Segurança Nacional onde uma explosão matou na terça-feira os principais responsáveis da sua célula de crise militar. Poderia ter ficado ferido – e ter sido então levado para Latakia.

Os sírios gostam de especular e a confusão que se seguiu ao ataque de terça-feira de manhã estimulou a imaginação: pouco depois “Onde está Assad?” já era a pergunta que agregava as mensagens sobre o tema no Twitter.

Notícia actualizada às 16h55
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