Cultura de milho geneticamente modificado aumentou 59% em 2011

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Incerteza sobre os efeitos do consumo humano de OGM limita expansão da cultura Foto: João Henriques

A cultura de milho geneticamente modificado (OGM) registou, no ano passado, um significativo crescimento em Portugal, cobrindo uma área de 7724 hectares, mais 59% face à superfície plantada em 2010, cerca de 4900 hectares, revela um estudo elaborado pelo Ministério da Agricultura.

A maior adesão a esta prática, salienta o documento, verificou-se na região do Alentejo, onde a cultura quase duplicou (mais 90%) relativamente a 2010. Na zona de Lisboa e Vale do Tejo, o aumento foi superior a 51%. Na ilha de S. Miguel, nos Açores, em 2011 apareceram pela primeira vez campos cultivados com milho transgénico, numa extensão ainda embrionária, de cerca de 2,5 hectares.

No Norte e Centro do país, houve um decréscimo na área cultivada. De 1013 hectares de superfície plantada, passou-se para 967 hectares. Na região algarvia, os dados divulgados pelo ministério não fazem referência a qualquer área plantada.

A principal razão apresentada pelos produtores para optar pela cultura geneticamente modificada foi, para 71% dos inquiridos, o controlo das brocas do milho, seguindo-se a vontade de experimentar uma nova cultura e o aumento da produção que o OGM oferece. A broca é uma larva que se introduz no caule da planta e que causa elevados prejuízos na produção final (50% em muitos casos).

Cultura gera poupança

Francisco Palma, presidente da Associação de Agricultores do Baixo Alentejo, aponta as vantagens da cultura como o factor que induz a plantação de milho transgénico, salientando o que ela representa em "poupança" nos custos de produção. A realidade actual e próxima acabará por impor o milho transgénico, acredita Francisco Palma, frisando que os consumidores reclamam "cada vez mais" por alimentação barata.

Luís Vasconcellos e Souza, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo, tem uma visão diferente: "Não há ninguém que me diga: eu quero milho transgénico".

Para este responsável, tanto os produtores como os consumidores interiorizaram que "pode haver consequências do consumo de uma planta OGM". O receio faz com que "ninguém queira" milho transgénico na alimentação humana e os produtores "não nos pedem esta variedade". O grão de uma cultura OGM "fica para o gado."

Os números do ministério mostram que, embora seja patente o aumento da área cultivada em Portugal, o milho OGM continua a ser uma alternativa incipiente em comparação com a área afecta a outras variedades de milho - cerca de 138 mil hectares em 2011.

A nível mundial, a área semeada com culturas transgénicas foi, segundo a International Service for the Acquisition of Agribiotech Applications, de 160 milhões de hectares, representando um acréscimo, relativamente ao ano de 2010, de 12 milhões de hectares, e envolveu um total de 16,7 milhões de agricultores de 29 países.

Informações divulgadas pela EuropaBio referem que, na União Europeia, a área cultivada com variedades de milho geneticamente modificadas foi de 114,6 mil hectares, repartida por seis Estados-membros (Portugal, Espanha, República Checa, Eslováquia, Roménia e Polónia), representando um acréscimo de área de cerca de 20% em relação a áreas semeadas em 2010.

No ano agrícola de 2011, constatou-se uma inversão da tendência de redução da área de milho (diferentes variedades) cultivada em Portugal, que se vinha a verificar desde 2005, tendo-se registado uma área total de 137.413 hectares.

Notícia alterada às 14h56:

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