Merkel recusará eurobonds “enquanto for viva”

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Merkel esteve reunida com os deputados democratas-cristãos do seu grupo parlamentar Foto: Odd Andersen/AFP

Citada por deputados dos Liberais do FDP, um dos partidos da coligação de centro direita em Berlim, após uma reunião com o respectivo grupo parlamentar, Merkel opôs-se assim a planos de altos responsáveis da União Europeia, como o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, para uma responsabilização conjunta entre os países da moeda única.

Segundo as mesmas fontes, Merkel justificou a sua posição também com o facto de na Alemanha ainda não haver emissões conjuntas de dívida pública entre os 16 Estados federados, mais de 60 anos depois da fundação da República Federal da Alemanha.

As palavras atribuídas a Merkel surpreenderam os comentadores políticos, porque até agora a linha oficial do executivo germânico tem sido afirmar que, de momento, a mutualização de dívidas na zona euro não é o meio adequado para combater a crise, sem excluir totalmente, no entanto, o recurso aos eurobonds no futuro.

Pouco antes de se reunir com os deputados do FDP, Merkel esteve com os deputados democratas-cristãos do seu grupo parlamentar e, segundo várias fontes, não utilizou aqui a expressão “enquanto for viva” para afastar responsabilidades comuns pelas dívidas dos parceiros europeus.

Colocou reservas, no entanto, aos planos apresentados hoje pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, pelo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, pelo presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, e pelo presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker – por encargo dos chefes de Estado e de governo da União Europeia – para uma profunda reforma comunitária, incluindo responsabilidades comuns pelas dívidas públicas.

Os quatro dirigentes europeus defenderam também uma união de bancos que garanta em conjunto os depósitos das instituições financeiras europeias, propostas igualmente recusada por Berlim.

O plano em questão será debatido no Conselho Europeu de quinta e sexta-feira, mas vários responsáveis do governo alemão, além da própria chanceler, já deixaram claro que rejeitam o essencial do seu articulado, sobretudo devido a uma eventual falta de equilíbrio entre um reforço da acção conjunta e a responsabilização de cada um dos países membros.

Para a chefe do governo alemão, há um desequilíbrio entre o processo para mutualizar as dívidas soberanas e o calendário de integração da União Europeia a nível orçamental, financeiro e bancário.

Uma proposta de Van Rompuy sobre a transferência de soberania para Bruxelas, de acordo com Merkel, poderia desencadear uma rápida colectivização da dívida soberana dos países da zona euro, uma situação a que Berlim se opõe liminarmente, considerando que, antes disso, é preciso uma união orçamental.