Paskalev: da Noruega, com amor

No seu canal no YouTube, Paskalev tem apenas três vídeos mas é preciso dizer que são três vídeos que valem por muitos

Foto
DR Paskalev

Nos últimos tempos, tem-se ouvido falar da Noruega associada ao julgamento do sinistro Anders Breivik, autor dos ataques em que morreram 77 pessoas.

O julgamento chegou ao fim há dias com a acusação a pedir o internamento psiquiátrico do norueguês de 33 anos e com a defesa a rejeitar a ideia, sublinhando que Breivik estava perfeitamente são quando disparou sobre dezenas de pessoas. Pode parecer estranho esta inversão de papéis – seria de esperar que a defesa argumentasse que o autor confesso dos crimes estava fora de si quando cometeu o hediondo crime –, mas Breivik é o primeiro a defender que é responsável pelos seus actos. Em tribunal, Breivik reiterou a ideia de que agiu por “necessidade” já que lutava pelo seu povo, pela sua cultura e pelo seu país e aquilo que fez foi para travar a islamização da Noruega...

Felizmente, aquilo que mais tenho ouvido com origem norueguesa, e em modo "repeat", é outro tipo de loucura. Apresento-vos (ou já conhecem?) Mikhael Paskalev. Com sangue norueguês e também búlgaro, Paskalev, que vive em Liverpool, compõe, toca guitarra e canta. Apresenta uma mistura de "indie rock" com pop e folk e o resultado, pelo menos para mim, resulta perfeitamente.

Bigode fininho

Descobri a charmosa personagem de bigode fininho e patilhas enquanto vagueava pelo mundo infinito (ainda mais quando temos de estudar) da internet. Li no "The Guardian" a crítica de Paul Lester sobre este artista e daí até saltar para o YouTube e colar ao ecrã foi o tempo de chegar ao fim do texto. No seu canal no YouTube, Paskalev tem apenas três vídeos mas é preciso dizer que são três vídeos que valem por muitos.

No vídeo da música “I Spy”, que conta (só?!) com cerca de 150 mil visualizações das quais 50 devem ser minhas, Mikhael Paskalev faz um revival de uma cena do filme “Risky Business”, comédia norte-americana dos anos 80 com Tom Cruise no papel principal. De cuecas, meias e camisa, candelabro a fazer de microfone, Cruise mostra como se canta e dança rockn’roll.

Paskalev, no vídeo realizado por Andre Chocron, também está de cuecas, meias e camisa, candelabro a fazer de microfone. Mas ao contrário de Cruise, o norueguês parte a loiça toda. Literalmente. O candelabro, que para o actor não passou de um microfone, ao cantor deu bastante jeito para partir vários objectos da sala onde jantava. Filmado a preto e branco, o vídeo joga também com as diferenças de velocidade: enquanto o vaso que o cantor atira pelo ar se despedaça em câmara lenta, Paskalev continua a dançar ao ritmo da música.

Como já se deve ter percebido, o vídeo é muito bom mas aquilo de que gostei mais foi de chegar à conclusão de que mesmo que não houvesse vídeo nenhum a música não deixava de ser óptima.

Ah e o refrão, que fica imediatamente na cabeça, também tem o efeito de me fazer sorrir: “I spy with my little eye/ To fall is connected to try”.

É por descobertas como estas que cada vez gosto mais de ter um blog onde todos os dias mostro uma música de que gosto.

E voltando ao princípio, dia 24 de Agosto será conhecida a sentença do sinisttro Anders Breivik. Quem sabe se, antes disso, Paskalev lança o seu primeiro álbum.

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