Europeus não estão no G20 para receber lições de democracia, diz Barroso

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Barroso espera que o resgate à banca espanhola evite o “contágio entre a dívida financeira e a dívida soberana” Foto: Henry Romero/Reuters

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, não retira aos países europeus a responsabilidade de combater a crise das dívidas soberanas. Mas, antes de começar a cimeira do G20, em Los Cabos, no México, deixou um recado aos parceiros do grupo das maiores economias mundiais: os responsáveis europeus não precisam de receber lições de democracia.

Confrontado numa conferência de imprensa antes do arranque da cimeira por um jornalista canadiano sobre a credibilidade dos líderes europeus, Barroso contrapôs que a crise financeira mundial não teve a sua origem na Europa, mas na América do Norte, avança a AFP.

“Na Europa somos democracias. Nem todos os membros do G20 são democracias. Tomamos decisões democraticamente, o que significa às vezes que leva mais tempo, porque somos uma União de 27 democracias e temos de encontrar o consenso necessário. Francamente, não estamos aqui para receber lições em termos de democracia ou como gerir a economia”, afirmou.

Durão Barroso considerou que “uma boa parte” do sistema financeiro europeu foi contaminado por “práticas não ortodoxas por parte de determinados sectores dos mercados financeiros” externos, mas não retirou responsabilidades aos parceiros europeus. “O que nós dizemos é ‘trabalhamos em conjunto’ quando temos um problema”, sustentou.

Ao lado de Barroso, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, acrescentou: “Não somos os únicos responsáveis pelos problemas económicos actuais no mundo”.

Para Rompuy, é preciso apoiar os esforços dos países europeus para resolver a crise. Na zona euro, disse, “estão a ser levadas a cabo reformas para melhorar a competitividade” e para alterar a estrutura económica de alguns países em dificuldades. E referiu Portugal e a Irlanda como exemplos desse esforço. “Gostaria também de voltar a apontar as recentes avaliações, de novo positivas, do FMI aos programas de ajustamento em Portugal e Irlanda”, insistiu, citado pela Lusa.

A crise da zona euro, em particular o caso espanhol, deverá dominar as reuniões dos responsáveis das 20 maiores economias do mundo, na estância de Los Cabos, até terça-feira.

Antes do início da cimeira, Barroso defendeu que na fórmula que for decidida no resgate à banca espanhola deverá procurar-se impedir o “contágio entre a dívida financeira e a dívida soberana”, para evitar um impacto “negativo em termos de reacção dos mercados”.

Apesar do pedido espanhol de fundos europeus para a recapitalização dos bancos (e a disponibilidade da zona euro de conceder até cem mil milhões de euros, já com uma “margem de segurança adicional”), a pressão dos mercados acentuou-se sobre Espanha – nos juros das obrigações a dez anos ficaram nesta segunda-feira acima da barreira dos 7% – e contribuiu também para uma subida das taxas de juro da dívida italiana na última semana.

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