Ana Gomes e Elisa Ferreira pedem à UE para interceder por encenador palestiniano

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Encenador foi levado por militares para base no Norte de Israel Abed Omar Qusin/Reuters

As eurodeputadas socialistas Ana Gomes e Elisa Ferreira pediram esta quinta-feira à Alta Representante da União Europeia (UE) para os Assuntos Externos e Política de Segurança, Catherine Ashton, que exija a Israel um “julgamento justo” para o actor e encenador palestiniano Nabil Al-Raee, ou a sua libertação imediata, “caso não existam razões jurídicas válidas para a sua detenção”.

O director artístico do Freedom Theatre, uma companhia de teatro sediada no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, foi levado da sua casa na madrugada da passada quarta-feira, dia 6, por soldados israelitas que o transportaram para a base militar de Jalameh, no Norte de Israel, recusando-se a prestar à família quaisquer informações acerca dos motivos da detenção.

Al-Raee está há uma semana em regime de isolamento, e não lhe foi até agora permitido contactar a família – é casado com a actriz portuguesa Micaela Miranda, radicada em Jenin, onde também trabalha com o Freedom Theatre. Uma audiência que esteve prevista para esta quinta-feira foi entretanto adiada para a próxima semana. Segundo informações prestadas à AFP e à cadeia de televisão Al-Arabiya pelas autoridades israelitas, Nabil Al-Raee é “suspeito de actividades ilegais” não especificadas. Mas em Jenin circulam rumores de que a detenção esteja relacionada com a investigação em curso acerca do assassinato do fundador do Freedom Theatre, Juliano Mer-Khamis, abatido a tiro em Abril do ano passado à porta do seu próprio teatro.

As eurodeputadas portuguesas instam agora Catherine Ashton a “efectuar todas as diligências necessárias junto do governo israelita para garantir a integridade física e psicológica do detido”, anunciaram em nota enviada à imprensa. Ana Gomes e Elisa Ferreira pedem ainda à Alta Representante da UE que obtenha “a garantia de acesso de Nabil Al-Raee a um advogado e às visitas da família”.

Em comunicado publicado no “site” do Freedom Theatre, a direcção da companhia explica que este “é o quarto ataque do exército de Israel aos empregados” do Freedom e respectivas famílias. “O Freedom Theatre ofereceu a sua total colaboração na investigação do assassinato de Juliano Mer-Khamis em diversas ocasiões (…). O recente sequestro de Nabil Al-Raee leva-nos à convicção de que o assédio regular e sistemático dos funcionários do Freedom Theatre não tem nada a ver com a investigação do assassinato de Juliano, mas antes uma campanha contra a própria companhia”, lê-se ainda.

A detenção de Nabil Al-Raee pelo exército israelita debilita o Freedom Theatre numa altura em que já estava privado da presença activa de outro dos seus fundadores, Zakaria Zubeidi, detido a 13 de Maio em Jenin pela Autoridade Palestiniana, por razões nunca esclarecidas e preso desde então em Jericó.

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