A noite em que os bares da Baixa fizeram greve, sem pré-aviso

Câmara do Porto aprovou novas regras para disciplinar a animação nocturna. Empresários não concordam e na noite de sexta-feira 15 espaços fecharam as portas para assinalar o protesto

Durante a semana, nenhum estabelecimento poderá fechar depois das 2 horasPaulo Pimenta
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Durante a semana, nenhum estabelecimento poderá fechar depois das 2 horasPaulo Pimenta
A acção de protesto dos empresários da animação nocturna da Baixa do Porto surpreendeu os clientes Paulo Pimenta
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A acção de protesto dos empresários da animação nocturna da Baixa do Porto surpreendeu os clientes Paulo Pimenta

Quinze espaços não abriram as portas na madrugada de ontem, sexta-feira, uma forma de dizer "Não" às novas regras aprovadas pela Câmara do Porto para disciplinar a animação nocturna.

"Um gajo quer gastar dinheiro e não consegue." É sexta-feira à noite e Ricardo Magalhães encontra uma Rua José Falcão diferente do habitual. O Armazém do Chá e o Lusitano, duas referências da dinâmica nocturna da Baixa do Porto, têm as portas fechadas e exibem panos negros. Foi noite de "greve" para 15 espaços nocturnos do centro do Porto, descontentes com as novas medidas disciplinadoras da movida. Uma "greve" sem pré-aviso que apanhou muitos noctívagos de surpresa.


O regulamento, já aprovado pela câmara mas ainda não aplicado, determina que nenhum estabelecimento pode fechar depois das 2h à semana e das 4h às sextas, sábados e vésperas de feriado. Mais: bares e discotecas com música gravada ou ao vivo terão de comprar limitadores de potência sonora que param automaticamente a música à hora de encerramento do espaço.


Os 15 espaços que aderiram ao protesto não vendem bebidas para a rua e têm pista de dança ou espaço para concertos, diz o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP), António Fonseca. Vêem-se, por isso, como alvos injustos das novas regras. Defendem que os alvos deviam ser os muitos espaços (bares, mas também mercearias, vendedores ambulantes – proibidos pelo novo regulamento – e até pastelarias) que vendem bebidas e garrafas para a rua.

Medidas destruidoras

"São medidas destruidoras, que tratam de forma igual e simplista o que tem que ser tratado caso a caso", diz ao PÚBLICO Pedro Salazar, dono do Rádio Bar. Se o regulamento avançar como previsto, terá que desistir das pretensões de funcionar até às 6h.


Alberto Fonseca, que montou um gigantesco "X" com panos pretos à porta do seu Tendinha dos Clérigos, está particularmente preocupado. Para a discoteca, que fecha às 6h e começa a receber clientes "a partir das 3h", o encerramento às 4h pode ser fatal. Encerrar o espaço é já uma hipótese, diz o empresário, responsável também pelos La Bohème e Tendinha Indiscreta.

Rui Silva teme que a forte programação de música ao vivo do seu Armazém do Chá seja posta em causa, quando tiver menos tempo de bar aberto para a rentabilizar. Para o Lusitano, os novos horários não trarão novidades, mas Mário Carvalho teme que a sua casa também perca com a redução das horas de boémia na Baixa.

  

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