França: dez candidatos numa corrida com dois finalistas

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O casal Sarkozy neste domingo Foto: Kenzo Tribouillard/AFP

O cessante Nicolas Sarkozy, de 57 anos, filho de um imigrante húngaro e advogado de formação, foi eleito Presidente em 2007 com 53% dos votos, com base na promessa de uma "ruptura" com a política do país. Enfrenta o desafio da sua reeleição com o rótulo do Presidente mais impopular dos últimos tempos e um balanço considerado negativo por uma maioria dos franceses que lhe criticam o seu estilo de governo, os seus "presentes para os ricos" e o aumento da precariedade laboral.

Mas a direita clássica continua fiel ao seu candidato, a quem elogia a energia e o estatuto internacional adquirido durante as crises económicas de 2008 e 2011 e no palco da diplomacia internacional.

Sarkozy baseou grande parte da sua campanha em temas muito à direita, colocando na primeira linha a agenda da segurança, imigração e o islão, com o objectivo de chamar a si o eleitorado seduzido pela extrema-direita.

O favorito

François Hollande, socialista reformista e moderado de 57 anos, ambiciona ser um Presidente "normal" no seu estilo de governo. Dirigiu o Partido Socialista, principal partido de esquerda, durante 11 anos, e cultiva a imagem tranquilizadora de unificador.

Com uma carreira feita na política, o socialista apresenta-se como o candidato de uma "esquerda séria que não vai decepcionar".

Apoia os objectivos de redução do défice público que são também objectivos da direita, promete uma reforma fiscal para introduzir mais igualdade e defende um relançamento do crescimento europeu. A direita sublinha a sua falta de experiência governativa – nunca ocupou um cargo ministerial – e alguns apontam a sua incapacidade para enfrentar questões delicadas.

A sua antiga mulher, Ségolène Royal, foi a candidata derrotada do Partido Socialista face a Nicolas Sarkozy em 2007.

A herdeira

Marine Le Pen, 43 anos, concorre pela primeira vez à presidência. É herdeira do seu pai, Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional, de quem recebeu as rédeas do partido de extrema-direita e a quem prometeu repetir a proeza conseguida por ele em 2002, quando chegou à segunda volta das presidenciais.

Embora não tenha as mesmas qualidades oratórias do pai, Marine contribuiu para a "desdiabolização" do partido, evitando derrapagens racistas e anti-semitas mais radicais.

Mas sobre os seus temas favoritos – luta contra a imigração e a insegurança – conta com a concorrência de Nicolas Sarkozy.

A grande incógnita é saber se o esquerdista Mélenchon lhe rouba o terceiro lugar na primeira volta das presidenciais.

O tribuno

Jean-Luc Mélenchon, 60 anos, é o fenómeno desta campanha eleitoral. Antigo ministro e senador socialista, fez uma aliança com os comunistas e quer "reorganizar a esquerda", virando as costas ao liberalismo e à Europa dos mercados.

Orador brilhante, abandonou as grandes salas tradicionalmente utilizadas pelos partidos, optando por grandes espaços ao ar livre para os seus comícios, reunindo milhares de apoiantes da Praça da Bastilha, em Paris, ou numa praia de Marselha.

As suas qualidades de tribuno permitiram-lhe conquistar o eleitorado da "esquerda da esquerda" com o seu slogan de campanha "Tomem o poder", os seus apelos ao povo e os seus ataques virulentos contra o neoliberalismo.

A sua subida nas sondagens revelou a existência de um eleitorado que não está satisfeito com o realismo económico dos socialistas e de François Hollande.

O centrista

François Bayrou, 60 anos, apresenta-se pela terceira vez nas presidenciais com o seu programa centrista e pró-europeu. Antigo professor, tenaz e solitário, é hoje deputado e conseguiu 18% dos votos nas eleições de 2007.

Continua a acreditar no seu destino e quer convencer os franceses que a clivagem esquerda-direita, profundamente enraizada na vida política dos gauleses, mantém o país num impasse.

Foi o primeiro a evocar, em 2007, os riscos ligados à explosão da dívida, e defende o made in France para travar as deslocalizações e a desindustrialização, tema que se impôs na campanha.

Deverá ficar em quinto lugar na votação de domingo, mas poderá funcionar como um "fazedor de reis" na campanha para a segunda volta, uma vez que é cortejado tanto à direita como à esquerda.

Os pequenos candidatosEva Joly

, de 68 anos, antiga magistrada anticorrupção, defende as cores da ecologia política num escrutínio que nunca foi favorável a esta corrente. Originária da Noruega, esta deputada europeia que usa óculos vermelhos ou verdes teve dificuldade em cativar o seu próprio eleitorado e as sondagens dão-lhe entre 2% e 3% dos votos.

Nathalie Arthaud

, de 42 anos, professora, e

Philippe Poutou

, um operário de 45 anos, representam dois partidos trotskistas rivais, a Luta Operária e o Novo Partido Anticapitalista, que propõem soluções idênticas: proibição dos despedimentos, repartição do trabalho entre todos com aumento de salários e expropriação dos bancos. As sondagens dão-lhe uma votação marginal, já que o eleitorado "voou" para o campo de Mélenchon.

Nicolas Dupont-Aignan

, de 51 anos, deputado de direita, reclama-se gaulista e soberanista e quer a saída do euro, propondo um "patriotismo tranquilo" para seduzir aqueles que rejeitam a direita clássica, mas que também não votam na Frente Nacional. Falta-lhe notoriedade e apoios.

Jacques Cheminade

, de 70 anos, próximo do polémico milionário americano Lyndon LaRouche, critica ferozmente as "oligarquias" mundiais e a finança internacional. Acusado por alguns de ser adepto de teorias da conspiração, como LaRouche, nunca conseguiu dar um impulso mínimo à sua candidatura.

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