Douro Azul e Martifer sem interesse na privatização dos Estaleiros

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Ministério da Defesa rejeitou proposta de Mário Ferreira, dono da Douro Azul Jorge Miguel Gonçalves/NFACTOS

As empresas Douro Azul e Martifer garantiram hoje que estão fora da corrida à privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) mas consideram que o problema da empresa poderia ter sido resolvido em Agosto último.

“Apresentámos uma proposta para a concessão da empresa, mostrando que podia ser viável e garantindo os postos de trabalho e os restantes compromissos. Uma semana depois, o Ministério da Defesa chamou-nos e informou-nos de que não estava interessado porque tinha propostas melhores”, explicou à Lusa o presidente da Douro Azul.

A isto, Mário Ferreira acrescentou que “nesta altura” deixou de ter “qualquer interesse” na privatização total da empresa, a realizar por concurso público internacional, anunciado hoje pelo Governo.

“Espero que tenham muita sorte. Nós não temos qualquer interesse, até porque já passou muito tempo e dificilmente conseguem honrar os compromissos que os ENVC assumiram com os venezuelanos [construção de dois asfalteiros por 128 milhões de euros]”, disse ainda o administrador da principal empresa de cruzeiros turísticos portuguesa.

Acrescenta que a proposta das duas empresas surgiu após um estudo comparativo entre os ENVC e outro estaleiro europeu, com a mesma dimensão e número de trabalhadores.

“No mesmo ano, deu mais de trinta milhões de euros de lucro, enquanto o de Viana apresentou prejuízos de 20 milhões de euros. Nesse estudo, explicávamos porque é que aquele teve sucesso e o nosso não, além da visão que devíamos ter no futuro para virar os ENVC”, rematou.

Da mesma forma, a Martifer, que detém os estaleiros da NavalRia, em Aveiro, e que assumiu esta proposta conjunta com a Douro Azul, também se diz fora da corrida aos ENVC.

“Neste momento, em concreto, a Martifer tem outro tipo de prioridades e não está a olhar para os ENVC”, disse à Lusa fonte oficial daquela empresa.

O governo vai lançar, dentro de 45 dias, um concurso público internacional para a reprivatização dos ENVC, disse hoje à Agência Lusa fonte do Ministério da Defesa.

Esse processo, acrescentou a fonte, resulta de contactos e reuniões que se revelaram “suficientemente sólidos” com seis potenciais grupos interessados na compra dos ENVC.

“No âmbito deste concurso público estes grupos podem confirmar as propostas ou não. Como podem ainda aparecer outras”, disse ainda a fonte, assumindo a existência de “garantias” dos interessados até ao momento.

Trata-se de grupos económicos ligados à indústria naval chinesa e russa, mas também investidores nacionais.

“Haverá agora um período de cerca de mês e meio para o ministério das Finanças preparar o caderno de encargos desta reprivatização. Estimamos depois mais cerca de dois meses para a decisão sobre o vencedor do concurso”, explicou a mesma fonte.

O objectivo da tutela passa por reprivatizar a empresa - nacionalizada há 37 anos a pedido dos trabalhadores e da própria administração -, nos próximos quatro meses.

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