Grécia garante perdão da dívida e evita bancarrota em Março

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Ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, anunciou nesta manhã a adesão satisfatória dos privados ao perdão da dívida grega Foto: John Kolesidis/Reuters

O Governo grego anunciou nesta sexta-feira de manhã que concluiu o processo de troca de títulos da dívida, garantido a participação de 85,8% dos credores privados detentores de obrigações de direito grego.

O país evita assim a bancarrota e avança com a reestruturação da dívida, conseguindo uma participação suficiente para activar as cláusulas de acção colectiva (CAC) – mecanismo legal que pode forçar todos os credores com obrigações de direito grego a aceitar perdas, mesmo contra a sua vontade, desde que haja uma maioria de dois terços a favor. Vai ser o maior incumprimento de reembolso de dívida soberana de sempre, segundo o Financial Times.

O comunicado emitido hoje pelo Ministério das Finanças explica que Atenas recomenda a activação dessas cláusulas, o que obriga os credores renitentes a aceitar os termos da troca. A taxa de aceitação entre o conjunto de credores privados com obrigações ao abrigo da lei grega e da lei internacional foi de 83,5%, o que deverá fazer com que a taxa de aceitação final fique em 95,7%.

Esta taxa final de 95,7% resulta de parte dos 14% da dívida privada ao abrigo da lei internacional (que não estão sujeitos às CAC) estarem em mãos de credores que terão já indicado que aceitam os termos da oferta de troca que ontem chegou ao fim, a qual vai eliminar 105 mil milhões de euros do valor da dívida grega, com perdas para os investidores que podem ir até 74% do montante total a que teriam direito – contando os mais de 50% de perda de valor facial, e juros a vencer.

Estes valores significam que se voluntariaram para a troca de obrigações credores que detêm obrigações que representam 172 mil milhões de euros de dívida, de um montante total de 206 mil milhões de euros nas mãos de privados. A dívida total da Grécia é de mais de 350 mil milhões de euros, o que representa cerca de 160% do seu PIB.

Com esta operação, e com os termos do novo empréstimo da troika ao país, num total de 130 mil milhões de euros, a expectativa da UE e do FMI é de que os gregos cheguem a 2020 com uma dívida pública de cerca de 120% do PIB.

Notícia actualizada às 7h56:

acrescentadas informações sobre a adesão ao perdão da dívida.

Última actualização às 9h08:

incluída referência a ser o maior incumprimento soberano de sempre.

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