Krugman pede políticas expansionistas e inflacionistas no centro da Europa

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Foto: Tim Shaffer/Reuters

O prémio Nobel da Economia Paul Krugman defende que a Alemanha não pode seguir a via da austeridade e que são precisas políticas expansionistas e mesmo inflacionistas no centro europeu para que a periferia possa sair da crise.

Paul Krugman, que está hoje em Lisboa para receber o doutoramento honoris causa por três universidades (a de Lisboa, a Técnica e a Nova), afirmou em conferência de imprensa antes da cerimónia que os Governos dos chamados países periféricos, como Portugal, Espanha ou a Irlanda, não têm grande margem de manobra: as únicas opções são o ajustamento ou soluções extremas, como a saída do euro.

“A Alemanha e o Banco Central Europeu (BCE) é que podem fazer uma grande diferença”, salientou o economista norte-americano, que recebeu o Prémio Nobel da Economia em 2008. “A Alemanha não pode perseguir [políticas de] austeridade como os outros países”, defende Krugman, dizendo que a maior economia europeia tem de gastar mais, de modo a estimular as economias dos seus parceiros europeus.

“Precisamos de políticas expansionistas e até mesmo inflacionistas no centro do euro para que a periferia possa sair da crise”, afirmou Krugman, num claro recado à Alemanha, que tem manifestado reservas quanto às sucessivas descidas da taxa de juro de referência do BCE ou à compra de dívida pública nos mercados pela instituição, por temer que possa vir a gerar inflação.

O economista foi mesmo mais longe e disse que preferiria ver a Alemanha aumentar os seus salários, de modo a estimular o consumo da maior economia europeia, em vez de ver Portugal a baixar os vencimentos aos seus cidadãos.

Krugman descartou ainda a necessidade de um reforço dos meios do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar a zona euro, em alusão ao comunicado que saiu ontem à noite da reunião do G20, este fim-de-semana na Cidade do México, onde os países ricos pediram à zona euro para reforçar primeiro o seu “mecanismo de protecção” (com o reforço dos fundos de resgate) antes de aumentar a capacidade de financiamento do FMI.

Para o prémio Nobel, a zona euro não precisa de recursos externos, visto que, no seu conjunto, não apresenta défice externo, nem um nível de endividamento público demasiado elevado, além de dispor de uma força de acção colectiva e de um banco central – o BCE – que pode imprimir moeda.

“A Europa não precisa do dinheiro da China”, afirmou Krugman, salientando que “o problema é de coesão e vontade políticas”. “Ninguém pode resolver isso por vocês” e, “em última instância, a zona euro tem de resolver os seus problemas, ainda que com o apoio moral do resto do mundo”.

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