Segundo acidente em duas semanas faz mais cinco feridos na barragem de Foz Tua

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As obras em Foz Tua já mataram três pessoas Manuel Roberto (arquivo)

O rebentamento de pedra na margem direita, na vertente do concelho de Alijó, nesta quarta-feira, acabou por atingir cinco trabalhadores que estavam na outra margem do rio Tua, a cerca de cem metros do local onde há 15 dias morreram três trabalhadores num deslizamento de pedras.

Apesar de inicialmente a informação apontar para quatro trabalhadores atingidos, José Rebelo, o comandante dos bombeiros de Alijó, confirmou ao PÚBLICO que foi atingido um quinto trabalhador num pulso, que foi também encaminhado para o hospital. Todos foram inicialmente socorridos pelo médico da obra.

Em comunicado, a EDP explicou que o acidente deu-se “ao início da tarde, cerca das 14h45m, na execução do desvio provisório da Estrada Nacional 212, consequentemente na margem direita, e na sequência de um desmonte de rocha efectuado nessa mesma margem direita”. Os trabalhadores atingidos estavam, ainda de acordo com o comunicado, “a montar cofragens na boca de saída do túnel de derivação provisória do rio, na margem esquerda”. Todos pertenciam ao consórcio construtor Mota Engil, Somague, MSF.

A estrada onde decorriam os trabalhos é a mesma que liga a freguesia de S. Mamede de Riba Tua, onde está a ser construída a barragem, com o concelho de Alijó.

No local, estiveram bombeiros de três corporações ali perto, as de Alijó, Favaios e Carrazeda de Ansiães, com 14 homens, apoiados por quatro viaturas. No local esteve também a Viatura Médica de Emergência e Reanimação de Vila Real.

Segundo o comandante dos bombeiros de Alijó, o ferido que inspirava maiores cuidados sofreu vários traumatismos na zona do tórax, outro sofreu ferimentos numa mão, um terceiro num braço enquanto a quarta vítima foi apenas assistida a uma quebra de tensão. O quinto homem tinha um ferimento num dos pulsos.

Os feridos foram encaminhados para o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real.

No local esteve também a Autoridade para as Condições de Trabalho, que abriu um inquérito a este acidente.

Fonte deste organismo confirmou ao PÚBLICO que o inquérito ao acidente de há duas semanas ainda não está concluído. Para quinta-feira está mesmo prevista uma reunião com os responsáveis do empreendimento e a inspecção do trabalho, até porque aquela frente de obra continua interdita, enquanto se aguarda a apresentação, por parte da EDP, de um plano de retoma dos trabalhos, com uma revisão aos procedimentos de segurança.

De acordo com a EDP, o índice de acidentes nas suas obras é de 9,8 por milhão de horas o que significa um acidente por mês.

Nesta barragem já houve três acidentes de monta, que provocaram oito feridos e três mortos. O primeiro aconteceu em Agosto, em que a queda de uma plataforma fez três feridos graves. Há duas semanas, um deslizamento de pedra matou três operários e ontem foi o rebentamento de pedra a fazer cinco feridos.

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