Os políticos que desafiam Passos e dão tolerância no Carnaval
Ficam ainda dispensados do serviço os trabalhadores da administração pública regional dos Açores que pretendam participar nas romarias que percorrem as estradas de S. Miguel durante o período da Quaresma.
O despacho da Presidência do Governo refere que a dispensa ocorre desde que seja assegurado o normal funcionamento dos serviços públicos e determina que os trabalhadores que participem nas romarias quaresmais não perdem quaisquer direitos ou regalias profissionais.
Na Madeira, a tolerância de ponto é dada nos mesmos moldes “dos anos anteriores”, ou seja, até à manhã de quarta-feira, disse ao PÚBLICO o adjunto de Alberto João Jardim. A decisão é justificada com o “impacto da quadra na economia da região autónoma”. Haverá tolerância em todos os serviços, institutos e empresas sob tutela do executivo madeirense.
Como em 1993, quando criticou Cavaco Silva por acabar com o feriado de Carnaval, João Jardim volta a discordar do actual primeiro-ministro, ao manter a tolerância de ponto. Apoiante de Passos Coelho e crítico de Jardim, o presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, anunciara anteontem a decisão de manter a tolerância de ponto na terça-feira. “É um dia importante para o concelho em termos de receitas e tem um efeito económico multiplicador”, justificou o social-democrata.
Em Lisboa, o socialista António Costa revelou que dará tolerância de ponto aos dez mil funcionários municipais. O social-democrata Rui Rio já tinha decidido no mesmo sentido no Porto.
Os funcionários municipais de Sines, Torres Vedras, Loures, Amadora e Vila Real terão a terça-feira para “brincar” ao Carnaval, assim como Ovar.
Na Figueira da Foz e em Cascais a tolerância de ponto será apenas durante a tarde. “É uma decisão extremamente contraproducente, negativa, injusta, precipitada e em cima do acontecimento", criticara o ex-presidente da Câmara de Cascais, o social-democrata António Capucho, à rádio TSF, sobre a decisão de Passos Coelho. Mas o seu sucessor na autarquia, Carlos Carreiras (PSD), assumiu ontem ao PÚBLICO, através da assessoria de imprensa, que, “sendo certo que não haverá tolerância de ponto, está em equação a hipótese de os funcionários” da câmara, “para poderem participar no corso carnavalesco, saírem mais cedo no período da tarde”.
O presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio, defendeu a tolerância de ponto na última reunião da Amal - Comunidade Intermunicipal do Algarve, mas a questão não reuniu consenso.
Ao apoio maioritário de socialistas responderam negativamente sociais-democratas, como Macário Correia, presidente da Câmara de Faro. Para Seruca Emídio, está em causa mais a “importância económica para a região”, pois o Carnaval e a Páscoa, disse ao PÚBLICO, “são dois eventos que muito contribuem para a sustentabilidade do turismo”.