Os políticos que desafiam Passos e dão tolerância no Carnaval

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Foliões prometem vir para a rua no Carnaval Paulo Rica

Os governos regionais dos Açores e da Madeira decidiram dar tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval. Depois da confirmação dada pelo gabinete de Alberto João Jardim, foi a vez de o Presidente do Governo dos Açores, Carlos César, divulgar nesta quarta-feira que assinou “o despacho que concede tolerância de ponto” no dia 21 para os trabalhadores da administração pública regional.

Ficam ainda dispensados do serviço os trabalhadores da administração pública regional dos Açores que pretendam participar nas romarias que percorrem as estradas de S. Miguel durante o período da Quaresma.

O despacho da Presidência do Governo refere que a dispensa ocorre desde que seja assegurado o normal funcionamento dos serviços públicos e determina que os trabalhadores que participem nas romarias quaresmais não perdem quaisquer direitos ou regalias profissionais.

Na Madeira, a tolerância de ponto é dada nos mesmos moldes “dos anos anteriores”, ou seja, até à manhã de quarta-feira, disse ao PÚBLICO o adjunto de Alberto João Jardim. A decisão é justificada com o “impacto da quadra na economia da região autónoma”. Haverá tolerância em todos os serviços, institutos e empresas sob tutela do executivo madeirense.

Como em 1993, quando criticou Cavaco Silva por acabar com o feriado de Carnaval, João Jardim volta a discordar do actual primeiro-ministro, ao manter a tolerância de ponto. Apoiante de Passos Coelho e crítico de Jardim, o presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, anunciara anteontem a decisão de manter a tolerância de ponto na terça-feira. “É um dia importante para o concelho em termos de receitas e tem um efeito económico multiplicador”, justificou o social-democrata.

Em Lisboa, o socialista António Costa revelou que dará tolerância de ponto aos dez mil funcionários municipais. O social-democrata Rui Rio já tinha decidido no mesmo sentido no Porto.

Os funcionários municipais de Sines, Torres Vedras, Loures, Amadora e Vila Real terão a terça-feira para “brincar” ao Carnaval, assim como Ovar.

Na Figueira da Foz e em Cascais a tolerância de ponto será apenas durante a tarde. “É uma decisão extremamente contraproducente, negativa, injusta, precipitada e em cima do acontecimento", criticara o ex-presidente da Câmara de Cascais, o social-democrata António Capucho, à rádio TSF, sobre a decisão de Passos Coelho. Mas o seu sucessor na autarquia, Carlos Carreiras (PSD), assumiu ontem ao PÚBLICO, através da assessoria de imprensa, que, “sendo certo que não haverá tolerância de ponto, está em equação a hipótese de os funcionários” da câmara, “para poderem participar no corso carnavalesco, saírem mais cedo no período da tarde”.

O presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio, defendeu a tolerância de ponto na última reunião da Amal - Comunidade Intermunicipal do Algarve, mas a questão não reuniu consenso.

Ao apoio maioritário de socialistas responderam negativamente sociais-democratas, como Macário Correia, presidente da Câmara de Faro. Para Seruca Emídio, está em causa mais a “importância económica para a região”, pois o Carnaval e a Páscoa, disse ao PÚBLICO, “são dois eventos que muito contribuem para a sustentabilidade do turismo”.

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