Resposta dos líderes europeus “não está à altura dos riscos”, diz a Standard & Poor’s

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Brendan McDermid/Reuters

O chefe da divisão europeia da Standard & Poor’s para a dívida soberana, Moritz Kraemer, afirmou hoje que a resposta dos líderes europeus à crise da dívida soberana “não está à altura” dos riscos.

A cimeira europeia de 9 de Dezembro “não foi conclusiva”, disse Kraemer em teleconferência citada pela agência de informação financeira Bloomberg. Para o responsável da S&P o que está em causa é a “longa disputa dos líderes europeus sobre qual será a política mais adequada para resolver a crise financeira da zona euro”. “Enquanto atravessamos estas dificuldades mantêm-se a enorme necessidade de financiamento”, frisou Kraemer.

Na sexta-feira, a agência de notação Standard & Poor’s anunciou o corte do rating da maioria dos países da zona euro, entre os quais a França, que perdeu a nota máxima, e Portugal, Espanha e Itália, que baixaram dois níveis.

“Reduzimos os ratings de Chipre, Itália, Portugal e Espanha, em dois níveis, os de Áustria, França, Malta, Eslováquia e Eslovénia, em um nível, e mantemos os níveis da Bélgica, Estónia, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo e Holanda”, refere um comunicado da agência.

Entre os países afectados pela decisão da S&P contam-se dois que tinham nota máxima, França e Áustria, que baixam um nível de AAA para AA+. No caso de Portugal a descida foi de dois níveis, de BBB- para BB, um nível já considerado ‘lixo’ (junk). Espanha viu o seu rating reduzido em dois níveis, passando de AA- para A com perspectiva negativa.

O rating de Itália também caiu dois níveis de A para BBB+, valor idêntico ao da Irlanda (que não foi alterado) e a dois níveis da classificação considerada junk.

No caso da Eslováquia, a descida também foi de dois escalões, de A+ para A-, com perspectiva estável.

Em Dezembro, a S&P já tinha colocado em perspectiva negativa a dívida de 15 dos 17 membros da Zona Euro, deixando antecipar assim as descidas de ‘rating’ hoje anunciadas.

A Alemanha, a Holanda, a Finlândia e o Luxemburgo mantém os rating máximos (AAA), que não foram alterados, e a Bélgica continua com a nota que tinha (AA).

Na sua análise, a S&P considera que as iniciativas tomadas pelos líderes europeus nas últimas semanas “podem ser insuficientes para responder adequadamente às pressões sistémica na Zona Euro”. Por isso, explica, toma a decisão de descer os rating em nove países da Zona Euro, mantendo os de sete outros, ainda que a perspectiva seja “negativa em todos menos dois dos 16 países membros da Zona Euro”.

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