Irão ameaça fechar estreito de Ormuz

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Chefe da Marinha iraniana numa conferência de imprensa sobre manobras militares no estreito Hamed Jafarnejad/Reuters

O vice-Presidente iraniano Mohammad Reza Rahimi avisou que “nem uma gota de petróleo passará através do estreito de Ormuz” caso sejam impostas mais sanções ao Irão por causa do seu programa nuclear.

Fechar esta rota essencial para o transporte de boa parte do petróleo mundial seria “tão fácil como beber um copo de água”, afirmou depois um responsável da Marinha da República Islâmica, almirante Habibullah Sayari. As forças iranianas levam actualmente a cabo dez dias de exercícios militares no local.

O estreito de Ormuz liga o Golfo (e o Bahrein, Kuwait, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) ao Oceano Índico. Cerca de 40 por cento do petróleo que é transportado por mar passa através deste estreito, e o seu encerramento obrigaria ao uso de rotas muito mais longas, e caras.

Os Estados Unidos – que mantém uma presença naval no Golfo que tem como objectivo principal assegurar que o transporte de petróleo se mantém – desvalorizaram inicialmente a ameaça iraniana, mas nesta quarta-feira um porta-voz do Pentágono assegurou que "não será tolerada nenhuma perturbação do tráfego marítimo no estreito".

A 5ª Frota norte-americana, sediada no Bahrein, fez também saber que actuará no caso de qualquer tentativa de bloqueio. "Quem quer que ameace a liberdade de navegação num estreito internacional está claramente fora da comunidade de nações", disse um porta-voz naval, citado pela Reuters.

A tensão entre o Irão e o Ocidente aumentou depois de os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE terem decidido, há cerca de três semanas, apertar as sanções ao quinto exportador mundial de crude – mas acabaram por não chegar a acordo para um embargo ao petróleo iraniano. Estes países temem que o Irão esteja a tentar desenvolver armas atómicas através do seu programa nuclear. Teerão garante que o programa tem fins exclusivamente civis.

Esta não é a primeira vez que os iranianos ameaçam fechar esta rota no contexto do programa nuclear, mas analistas apontam que não seria uma manobra fácil (lembrando o conflito com os EUA quando Teerão tentou fechar parcialmente o estreito para retaliar contra o Iraque e seus apoiantes na guerra Irão-Iraque, em 1987-88, provocando relativamente pouco dano económico mas sofrendo com a intervenção militar norte-americana). Além disso, seria uma manobra com riscos para o próprio Irão, que também precisa da rota para exportar o seu próprio petróleo.

Notícia actualizada às 17h59
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