Sair do euro condenaria Portugal “à mediocridade”, diz presidente do TC
Portugal deve continuar no euro “por razões políticas”, ou estará condenado “à mediocridade e à irrelevância”, disse Guilherme d’Oliveira Martins, ministro das Finanças na altura da introdução das notas e moedas de euro (2002) e actual presidente do Tribunal de Contas (TC).
“Precisamos do projecto do euro, não por razões meramente económicas mas por razões políticas. Caso contrário, estaremos condenados à periferia, à mediocridade e à irrelevância”, afirmou em entrevista à Lusa Oliveira Martins.
Mesmo tendo em conta a crise financeira que agora afecta o país, Oliveira Martins considera que valeu a pena para Portugal integrar a zona euro.
“Julgo que não há dúvidas relativamente a isso. Basta ver os números, a evolução no que se refere a grandes tendências de convergência”, diz o antigo ministro das Finanças. “Creio que estes dez anos são para celebrar.”
Oliveira Martins prevê que o euro será “duradouro”, apesar das dificuldades conjunturais e de uma “tendência que pode ocorrer” no sentido da “progressiva irrelevância” das economias europeias.
“O projecto do euro não é irreversível, não há nenhum projecto humano que o seja, mas está para durar”, afirma o presidente do Tribunal de Contas. “Costumo perguntar aos meus alunos se o euro é uma moeda forte ou fraca; todos me dizem que é forte. É uma moeda respeitada internacionalmente. Esperemos que seja a base para uma economia mais segura.”
Oliveira Martins rejeita igualmente a ideia de que voltar a ter moeda própria poderia ajudar Portugal a superar a crise económica. Os efeitos positivos da desvalorização cambial, argumenta, são muito exagerados pelos seus defensores.
“Essa política das desvalorizações, que muitas vezes se invoca como espécie de [saída para a crise], não corresponde de modo algum a uma salvação”, afirma. Optar por essa via “seria apenas aceitar a periferia e a irrelevância”.