Fernando Pinto faz apelo à privatização da TAP

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Fernando Pinto foi ouvido pela PJ a 30 de Setembro e voltará a testemunhar dentro de duas semanas Miguel Manso

O presidente da transportadora aérea, cuja venda está prevista para 2012, diz que a empresa não pode continuar nas mãos do Estado.

No jornal interno da TAP, o gestor brasileiro escreve uma mensagem em que apela à concretização da privatização da companhia, que tem vindo a ser adiada por sucessivos governos.

“Tenho consciência de que existem dúvidas e receios, mas do que não tenho dúvidas é de que não podemos continuar a viver as circunstâncias dos últimos anos, em que o Estado não nos pode ajudar como um accionista normal poderá”, refere.

Fernando Pinto refere-se ao facto de os Estados-membros da União Europeia estarem impedidos de conceder auxílios financeiros às empresas do sector da aviação, num momento em que os capitais próprios da TAP estão negativos em mais de 400 milhões de euros, tornando a injecção de capital cada vez mais urgente.

Na mensagem divulgada hoje publicamente, o presidente da transportadora aérea estatal sublinha que “o maior desafio de 2012 será a privatização” da empresa, acrescentando que é fundamental que este processo respeite algumas condições.

“É fundamental e basilar que empresa continue a ter um papel chave em Portugal, com o seu hub [placa giratória] em Lisboa, permitindo-lhe continuar a ligar a Europa a África e ao Brasil e a desempenhar um papel essencial para a economia nacional”, afirma.

A privatização da TAP, que tem estado nos planos de diversos governos desde 1997, chegou a estar prevista para este ano, se as condições de mercado o permitissem, estipulava-se no Memorando de Entendimento assinado com a troika.

Foi, no entanto, adiada para 2012, a par da venda da gestora aeroportuária ANA. No próximo ano, também será concluída a privatização da CP Carga e do braço segurador da CGD, de acordo com as previsões do Executivo, e será iniciada a alienação dos CTT.

Na mensagem, Fernando Pinto refere ainda que há outros desafios que se impõem em 2012. “Além de se prever que persista a crise na Europa, é igualmente previsível que dificuldades adicionais possam surgir”, afirma, já depois de ter admitido, esta semana, que a TAP vai voltar a dar prejuízos este ano.

O gestor brasileiro também aproveitou para deixar um recado aos pilotos, que tinham agendado oito dias de greve, que acabaram por desconvocar. “Houve ameaças a essa estabilidade [da TAP], que nos trouxeram enorme preocupação e a afectaram a nossa imagem, mas estamos em condições de iniciar 2012 com renovada determinação”, remata.

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