Standard & Poor’s admite rever rating dos países do euro com AAA, diz o FT

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Brendan McDermid/Reuters

Alemanha, França e os outros quatro países da zona euro ainda avaliados com o rating mais elevado pela agência Standard & Poor’s (S&P) preparam-se para entrar em processo de revisão, o que pode gerar um corte de rating, noticia o jornal Financial Times, citando um documento da agência, afirmando que o anúncio oficial deverá ser divulgado ainda hoje.

Segundo o jornal britânico, a Alemanha, a França, a Holanda, a Áustria, a Finlândia e o Luxemburgo – os países classificados com a nota AAA – vão ser hoje notificados pela agência norte-americana de que o seu rating está em processo de avaliação, com perspectiva negativa. Isto significa que a nota triplo A pode ser retirada se, num prazo de 90 dias, os analistas da S&P entenderem que durante o período de avaliação o seu rating deve ser revisto em baixa face ao agravamento da crise na zona euro.

Como refere o FT, os mercados já colocavam a hipótese de uma descida da nota máxima atribuída à França, mas até agora a Alemanha não estava em causa.

A S&P não desmentiu a informação. John Piecuch, porta-voz da agência, limitou-se a transmitir que a Standard & Poor’s não comentava, avançou a agência financeira Bloomberg.

Os seis países estão na mira da S&P. E, sobre a maior economia do euro, a agência diz-se preocupada com o “impacto” dos problemas “políticos, financeiros e monetários” da União Europeia, segundo cita o FT, embora sem especificar como obteve a informação.

Caso se verifique uma descida, esta terá impactos não só ao nível da dívida desses países como também afectará o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e a sua capacidade de angariar dinheiro para os paises resgatados, como Portugal, já que este instrumento emite dívida com garantias dos restantes membros do euro.

No início de Novembro, a S&P emitiu, por erro, um comunicado onde anunciava a retirada à França da nota AAA. A falha durou pouco mais de uma hora, mas teve logo impactos nos juros cobrados pela dívida francesa nos mercados. “Este incidente é sério e mostra que, na actual situação de tensão e volatilidade no mercado, os operadores têm de assumir disciplina e demonstrar um sentido de responsabilidade particular”, afirmou então o comissário europeu, Michel Barnier, afirmando que o erro da S&P veio reforçar “a convicção de que a Europa tem de adoptar regras estritas e rigorosas” em relação às agências de rating.

Já em Outubro, a Moody’s, outra das grandes agências de notação norte-americanas, anunciou que ia colocar a França sob observação devido às perspectivas desfavoráveis do crescimento da economia e da evolução negativa do défice orçamental e da dívida pública, além da hipótese de ter de reforçar o apoio ao seu sistema bancário.

Segundo informou então a Moody’s, se os riscos se materializassem, a notação francesa poderia ser colocada dentro de três meses numa perspectiva negativa, abrindo caminho a uma descida da nota. O ministro das Finanças francês, François Baroin, reagiu afirmando que o triplo A não estava em risco e que o Governo iria avançar com medidas de redução do défice. “Faremos tudo para evitar uma degradação” da notação, garantiu.

O euro desvalorizou face à moeda norte-americana depois de o Financial Times ter avançado a notícia no seu site e a bolsa de Nova Iorque começou a reduzir os ganhos da sessão. Às 20h30, um euro valia 1,3384 dólares. Segundo a Bloomberg, o índice Dow Jones Industrial Average valorizava 0,273% às 20h35, enquanto o Nasdaq Composite Index subia 0,739%.

Notícia actualizada às 20h42

: Acrescenta informação sobre descida do valor do euro e sobre a bolsa de Nova Iorque.

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