Passos Coelho: “Seria um embuste” dizer que a economia vai crescer

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Passos diz que Portugal “não está acorrentado” às medidas da troika Paulo Pimenta/Arquivo

O primeiro-ministro afirmou hoje que as medidas que o Governo está a tomar “vão ter um impacto recessivo” na economia nacional.

“Temos de dar um passo atrás para dar dois à frente”, disse Passos Coelho, durante a sessão de abertura do congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), em Lisboa.

No discurso, Passos Coelho aproveitou para fazer um novo apelo aos portugueses “que observam em casa os debates [sobre a situação económica do país] e desesperam”. “É um apelo de cidadania”, afirmou, lembrando que Portugal tem uma cultura de “vícios” que “tem tido ao longo dos tempos a habilidade para saber improvisar”.

Mas, pelo menos desta vez, o primeiro-ministro quer que o país deixe de confiar apenas na sorte. “Vamos precisar durante este caminho de ser uma coisa que não costumávamos ser: muito disciplinados”, frisou.

O primeiro-ministro reconheceu hoje que as medidas que o Governo está a tomar “vão ter um impacto recessivo na economia”. Essa “é a realidade”, sublinhou, acrescentando que “seria um embuste” dizer o contrário aos portugueses.

Mas Passos fez questão de dizer que Portugal “não está acorrentado” às medidas acordadas com a troika, na sequência do pedido de ajuda externa e da assinatura do Memorando de Entendimento. “Se a troika não estivesse cá, se não tivéssemos tido necessidade de pedir um empréstimo externo, o caminho não seria difícil, seria impossível, mas teria de passar pela mesma receita”, defendeu.

Na sessão de abertura do congresso, que estava agendada paras as 10h, mas só começou cerca de 40 minutos depois, o primeiro-ministro voltou a apontar o dedo ao passado para justificar o actual cenário macroeconómico.

“O que é importante é não repetir os erros do passado. Foi pena que tivéssemos esperado pelo fim para reconhecer a conclusão que era inevitável, devíamos ter feito mudanças de paradigma mais cedo”, afirmou, admitindo que as medidas estão agora e, por isso, “mais concentradas no tempo”.

Passos terminou o discurso garantindo que o Governo sabe exactamente o que quer. “Queremos atingir um excedente privado para o ano e chegar a 2015 com um quase equilíbrio orçamental e um quase equilíbrio da balança externa”. Mas, para tal, diz precisar de duas condições, “que seja garantida a execução e que a envolvente externa não seja demasiado adversa”.

O primeiro-ministro terminou o discurso com uma homenagem a Diogo Vasconcelos, antigo presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, que faleceu em Julho deste ano e que Passos descreveu como “um amigo muito querido” e um “visionário”.

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