Emails de cientistas climáticos voltam a ser pirateados

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Em 2009, os cientistas foram acusados de manipular dados para apoiar a tese de um aquecimento global causado pelo homem Mick Tsikas/Reuters

Cerca de 5000 emails que parecem ser da Unidade de Investigação Climática da Universidade de East Anglia foram publicados na Internet, através de um servidor russo, avançam o The Guardian e a BBC. O jornal britânico acrescenta que uma entidade anónima publicou uma ligação para o ficheiro que contém os emails em quatro blogs populares entre os cépticos do clima: Watts Up With That, Climate Audit, TallBloke e The Air Vent.

Além do link, foi publicada uma mensagem, onde se pode ler: “As decisões de hoje devem ser baseadas em toda a informação que podermos ter”, e frases retiradas do conteúdo dos emails que salientam aparentes divergências entre cientistas e tentativas de bloquear o acesso dos cépticos a determinada documentação.

Em comunicado, a universidade denuncia uma “tentativa cuidadosa de semear a controvérsia sobre a ciência por detrás das alterações climáticas, mesmo quando essa ciência foi confirmada por três inquéritos independentes [britânicos] e por dois estudos [norte-americanos]” sobre as práticas dos investigadores." Refere-se a universidade ao inquérito aberto na sequência da primeira divulgação maciça de emails trocados entre cientistas daquela instituição e outros, às vésperas da cimeira climática de Copenhaga, em 2009.

Várias mensagens davam a entender que a comunidade científica manipulava dados climáticos para apoiar a tese de um aquecimento global do planeta, por causa de actividades humanas. Mas os inquéritos independentes, concluídos em meados de 2010, inocentaram os cientistas, declarando que estes agiram com “rigor e honestidade”.

“Se forem genuínos (o volume do material impossibilita-nos de confirmar, de momento, se são todos genuínos), estes emails parecem ter sido guardados depois do roubo de 2009 para serem divulgados agora, para causar o máximo de perturbação nas negociações climáticas internacionais” que vão começar segunda-feira em Durban, África do Sul, acrescenta a universidade.

As frases citadas “foram totalmente retiradas de contexto” e nenhum dos emails é posterior a 2009, disse também a instituição.

O caso de Novembro de 2009 - que envolveu cerca de 1000 emails trocados nos últimos 13 anos pelos investigadores da mesma universidade, sem que estes tivessem conhecimento -, veio a revelar-se apenas um escândalo sem fundamento, atiçado por grupos de cépticos das alterações climáticas.

O investigador Michael Mann, um dos autores dos emails, disse ao The Guardian que este episódio é “verdadeiramente patético”. Por trás desta acção, acrescentou, estão “agentes a fazer o trabalho sujo pela indústria dos combustíveis fósseis. Sabem que não podem contestar a ciência fundamental das causas humanas das alterações climáticas. Por isso, optam por este tipo de estratégia (...), para confundir o público sobre a ciência e dificultar qualquer acção de luta contra esta ameaça tão crítica”.

A polícia de Norfolk está a investigar este caso.

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