Merkel defende “nova responsabilidade comum” rumo à união política

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Kai Pfaffenbach/ Reuters (arquivo)

“As preocupações de uns são as preocupações de todos, o que quer dizer que a nossa responsabilidade não pára nas fronteiras de cada país. Somos todos parte da política interna europeia”, disse a chefe do Governo alemão no discurso de abertura do congresso da União Democrata Cristã (CDU), em Leipzig.

Merkel voltou a dizer que, “se a Europa não estiver bem, a Alemanha não estará bem”, advertindo que os europeus só serão ouvidos à escala mundial se estiverem unidos e tiverem uma moeda única forte e economias consolidadas.

“A Europa [vive] um dos momentos mais difíceis desde a Segunda Guerra Mundial, talvez mesmo o seu momento mais difícil”, sublinhou a chanceler alemã, citada pela AFP. “Cada geração tem o seu desafio político”, disse ainda, considerando que o da actual é “uma prova histórica” e que se trata de “mostrar que a Europa pode superar uma tormenta” como a da actual crise financeira.

“Só unidos poderemos defender a nossa moeda”, disse Merkel, recolhendo nesta passagem do seu discurso muitos aplausos dos mil delegados democratas cristãos reunidos na cidade leste alemã.

A chanceler reiterou ainda a disposição da Alemanha de ajudar os parceiros europeus em dificuldades financeiras acrescentando que, para isso, “é preciso que todos cumpram as suas tarefas”. Para Merkel, a consolidação orçamental e o aumento da competitividade dos países do euro “são duas faces da mesma medalha”.

Neste contexto, a dirigente conservadora propôs que se introduza no Tratado de Lisboa um mecanismo automático de sanções para os Estados que violem o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), lembrando que este foi violado mais de 60 vezes nos últimos anos, incluindo pela Alemanha, sem que se tenham retirado daí as devidas consequências.

Merkel voltou também a manifestar-se contra a mutualização das dívidas soberanas na Europa, e contra a emissão de eurobonds (títulos de dívida pública de vários países do euro), alegando que “esta não é solução para um futuro razoável”. Classificando a introdução do euro, há nove anos, após o acordo sobre a União Económica e Monetária (UEM) como “um projecto futurista”, a chefe do governo alemão defendeu que este necessita agora de ser complementado por uma união política “que mude as estruturas da União Europeia, para que haja mais Europa, e não menos Europa, e para que o euro tenha futuro”.

Além do debate sobre política europeia, o congresso da CDU, que termina na terça-feira, será marcado também pela proposta da direcção nacional de introduzir um salário mínimo nacional, embora com diferenças regionais, para trabalhadores não abrangidos por contratação colectiva.

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