Zona euro confirma que vai pedir aos privados perdão de pelo menos metade da dívida grega

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O ministro sueco (à esquerda) disse que a banca não deve contar com o dinheiro dos contribuintes Thierry Roge/ Reuters

Os bancos credores do Estado grego deverão ter de aceitar perdas “substanciais”, de “pelo menos 50%”, confirmou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker.

O presidente do grupo de ministros das Finanças da zona euro confirmou assim hoje de manhã que durante a sua reunião de ontem estes responsáveis decidiram pedir um envolvimento dos credores privados do país muito superior aos 21% decididos a 21 de Julho, uma informação avançada ontem à noite por fontes diplomáticas.

“Decidimos ontem que teremos de ter um aumento significativo da contribuição dos bancos”, disse Junkcer, citado pela Reuters. Tinha sido também decidido libertar a sexta parcela da ajuda acordada no ano passado à Grécia, no montante de oito mil milhões de euros, o que evitará que o país entrasse em bancarrota dentro de poucas semanas.

Esta decisão da zona euro surge na sequência da ratificação pelos ministros das Finanças das conclusões de um relatório dos peritos da troika que empresta dinheiro à Grécia (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) onde se estima que o “desconto” a pedir aos credores poderia ir de 50% a 60% (o que representa um perdão, pois pretende-se que isso seja assumido voluntariamente), de modo a não fazer com que os empréstimos internacionais de que o país necessita não tenham de assumir proporções gigantescas, contam as agências internacionais.

Fica assim assumido pelos parceiros da zona euro que a Grécia não poderá pagar metade ou mais da sua dívida, a qual terá de ser perdoada.

Entretanto os ministros das Finanças da zona euro reuniram-se hoje de manhã também em Bruxelas, num encontro alargado as restantes dez da EU, com o objectivo de discutir como tornar o sistema bancário europeu mais resistente. De tarde, vão continuar a discutir o envolvimento do BCE na resposta à actual crise, fez saber o ministro das Finanças da Bélgica, Didier Reynders.

“Vamos discutir este mecanismo europeu [o FEEF] e a sua colaboração com o Banco Central Europeu” (BCE), disse à AFP à margem daquela reunião.

A França pretendia que transformar o FEEF num banco capaz de ir buscar liquidez ao BCE para emprestar aos Estados em dificuldades, o que terá sido liminarmente rejeitado pela chanceler alemã, pelo próprio BCE e pela Comissão, que consideraram violar a disposição dos tratados que impede o banco central do euro de financiar monetariamente do governos.

Dando conta do seu entendimento sobre a gravidade da situação, o ministro das Finanças do Reino Unido considerou antes da reunião da manhã que a situação na zona euro representa “um verdadeiro perigo” para todas as economias europeias, incluindo a do seu país. E pediu uma solução “durável” para o problema, que “ajudará todas as economias europeias”. Ontem, o ministro das Finanças da Alemanha também já tinha considerado abertamente a situação como “grave”.

Por seu lado, o ministro sueco enfatizou, também à entrada para a reunião da manhã, que os bancos não devem contar com o dinheiro dos contribuintes para se recapitalizarem. “Penso que não devíamos usar o dinheiro dos contribuintes”, disse Anders Borg aos jornalistas presentes.

Hoje à tarde tem lugar também na capital belga um Conselho de Assuntos Gerais, ao nível de responsáveis pelos Negócios Estrangeiros e Assuntos Europeus, na qual é provável, segundo fontes diplomáticas, que a Alemanha lance o debate sobre a necessidade de alterações ao Tratado de Lisboa, para facilitar a governação económica na Europa, e que inclua por exemplo a inscrição de um limite ao défice nas constituições nacionais, avança a Lusa. E está em aberto que haja uma terceira reunião do Eurogrupo, na terça ou quarta-feira, antes do encontro de chefes de Estado e de Governo que está marcado.

Notícia actualizada às 12h35
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