Carlos Moedas afirma que aumento do IVA só aconteceria em “caso hipotético”

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Carlos Moedas, em primeiro plano, com Marco António Costa Fernando Veludo/nFACTOS

Carlos Moedas, dirigente do gabinete de estudos do PSD e um dos principais conselheiros de Pedro Passos Coelho, admitiu segunda-feira à noite no Porto que o aumento do IVA só será equacionado pelo partido num cenário quase hipotético, porque, sublinhou,” tudo pode acontecer com o que este Governo nos deixou”.

Moedas faz uma ressalva: “É necessário antes de mais conhecer a verdadeira situação do país, sendo que, sem os dados todos, o PSD não pode dizer como irá agir”, mas garante que a “focalização será sempre na despesa”.

Falando à entrada para a conferência/debate sobre “A crise económica e os planos de estabilização e crescimento”, promovida pela distrital do Porto do PSD, Carlos Moedas manifestou alguma irritação pelo facto de os jornalistas o terem questionado sobre o aumento do IVA, já admitido por Pedro Passos Coelho e que lhe mereceu críticas cerradas por parte do PS, designadamente do secretário-geral, José Sócrates, que acusou o líder social-democrata de dar uma “cambalhota política” em termos de impostos. Na passada sexta-feira Passos Coelho afirmou que só admite aumentar o IVA numa situação de "desespero" em que no "curtíssimo prazo" não haja tempo para tomar outras medidas e como alternativa a mexer nas pensões.

Ontem, Moedas tratou de dizer que o aumento do IVA não era uma matéria que estivesse a ser objecto de estudo por parte dos sociais-democratas, sendo apenas um recurso “hipotético”. E prosseguiu: “Não está em aberto, nem estamos a estudar o aumento do IVA. Estamos a estudar maneiras de cortar a despesa para que este país possa crescer”, disse o dirigente do gabinete de estudos, saindo em defesa do líder do PSD, manifestando estranheza pela forma como as declarações do presidente do partido foram interpretadas, uma vez que, salientou, “não é de todo esse o objectivo [aumentar o IVA]”.

Insistindo que o objectivo do PSD é cortar na despesa, mas “não despesa fácil”, Carlos Moedas perguntou: “O que é que era este PEC?” Era cortar nas pensões das pessoas de 200 euros, em vez de cortar na gordura do Estado”, respondeu, para acrescentar: ”Vamos cortar, cortar, cortar, mas se a situação for tão má, então essa seria uma opção [aumentar o IVA], seria um caso totalmente hipotético que ninguém quer que aconteça, que não vai acontecer, mas que pode vir a acontecer.

“Tudo poder acontecer com aquilo que este Governo nos deixou. Estive nas negociações do Orçamento do Estado e no primeiro dia que lá cheguei tínhamos um buraco de mil e setecentos milhões de euros”, revelou ainda o conselheiro de Passos Coelho

Ao intervir perante os militantes, o dirigente voltou a carregar, disparando contra o Governo no PS, refutando que o que se passa em Portugal não é da responsabilidade da crise internacional, como PS faz questão de vincar. “Há uma crise muito portuguesa de falta de competitividade que nada tem a ver com a crise internacional”, declarou Carlos Moedas, sublinhando que os mercados há muito que estavam fechados para Portugal. Empenhando em desfazer alguns “mistérios” como lhes chamou, Moedas argumentou que a culpa não é das agências de rating, isto porque “antes da crise política acontecer os mercados já estavam fechados” para Portugal. “O Banco Central Europeu é que nos comprava a dívida, porque os grandes investidores quando começaram a ver que o nosso país se tornara muito volátil deixaram de comprar a nossa dívida”.

Acusações de Vieira da Silva são “gratuitas” e “sem fundamento”

Já o vice-presidente e líder da distrital do PSD-Porto, Marco António Costa, afastou os sociais-democratas de quaisquer responsabilidades no corte do “rating”, afirmando que as acusações do ministro da Economia, Vieira da Silva, são “gratuitas” e “sem fundamento”.


Segunda-feira, o ministro da Economia disse que a rejeição da actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento apresentado pelo Governo no Parlamento é responsável pela descida generalizada do “rating” das empresas, bancos e da própria República Portuguesa.

Questionado pelos jornalistas, Marco António Costa afirmou que “isso é mais uma afirmação gratuita e sem fundamento” do ministro, frisando que “há dois anos que [as agências de rating vêm permanentemente dando aviso a Portugal relativamente ao seu comportamento”.

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