O actual Presidente da República e recandidato, Cavaco Silva, tem recorrido a um antigo “slogan” já utilizado por outro candidato e chefe de Estado, Mário Soares, nas eleições presidenciais de 1986: “Os portugueses conhecem-me”.

“Os portugueses conhecem-me como um homem de trabalho, que estuda e analisa profundamente os problemas, tendo em vista o superior interesse nacional”, afirmou o antigo primeiro-ministro e ex-líder social-democrata, no seu anúncio de recandidatura, em Outubro.

Além de outras intervenções públicas recentes, Cavaco Silva repetiu a fórmula no seu texto de manifesto para as presidenciais de 23 de Janeiro: “Os portugueses conhecem-me, sabem que conheço os problemas do país graças ao estudo dos assuntos complexos que regem a actividade do Estado...”, lê-se no documento.

“Os Portugueses Conhecem-me” foi uma das frases chave de Soares em 1986, quando só na segunda volta conseguiu ser eleito, batendo o democrata cristão Freitas do Amaral, apesar de ter ficado na memória colectiva o mais popular “Soares é fixe”.

Na altura, a antiga primeira-ministra e única mulher a concorrer a Belém até hoje, Maria de Lurdes Pintasilgo, apresentava-se como “A Força do Diálogo” e pedia aos portugueses: “Votar em Janeiro, P’rá Vitória em Fevereiro”.

Freitas do Amaral, venceu a primeira volta incitando “P’rá Frente Portugal”, enquanto Salgado Zenha ficou à frente de Pintasilgo, mas atrás de Soares, ao mostrar-se “Um Homem de Palavra”.

Nas primeiras eleições presidenciais por sufrágio directo e universal, em 1976, Ramalho Eanes venceu com o compromisso: “Muitos prometem... Eanes cumpre”, enquanto Otelo Saraiva de Carvalho, por exemplo, primou pela originalidade: “Na Presidência, um Amigo”.

Jorge Sampaio na primeira e nassegundas eleições, em 1996 e em 2001, apostou em fórmulas semelhantes: “Um por Todos” e “Por Todos Nós”, respectivamente. O estreante Fernando Rosas, em 1996, afirmou-se como a “Esquerda com Rosto” e Ferreira do Amaral, em 2001, apregoava “Um Presidente Próximo de Si”.

Cavaco Silva, depois de em 1996 ter sido derrotado, mesmo anunciando que a candidatura era “Em Nome de Portugal”, venceu a “corrida” em 2006 com a certeza de que “Portugal Pode Vencer” e o desejo “Portugal Maior”.

Na actual campanha, o principal “slogan” de Cavaco Silva (apoiado pelo PSD e CDS-PP) é “Acredito nos Portugueses”, ao passo que Manuel Alegre, apoiado por PS e BE, se apresenta como “Garantia” - da “Democracia” e do “Estado Social”.

O independente Fernando Nobre recomenda “Esperança na Mudança” para “Recomeçar Portugal” e o outro candidato sem apoio partidário, Defensor Moura, diz-se “Contra a Resignação”.

O comunista Francisco Lopes promete “Uma Candidatura Patriótica e de Esquerda”, enquanto José Manuel Coelho (Nova Democracia) incita os portugueses: “Basta de Pastéis, Coelho a Belém”.