Barack Obama escreveu livro infantil

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Todos os lucros arrecadados com a venda do livro irão contribuir para as famílias dos soldados americanos feridos em combate DR

Barack Obama escreveu um livro para crianças que acaba de ser posto à venda. A obra, intitulada “Of Thee I Sing: A Letter to My Daughters”, é dedicada às suas filhas - Malia e Sacha - e apresenta às crianças 13 protagonistas da História americana que o inspiraram e que simbolizam uma América onde os sonhos se podem transformar em realidade.

A primeira edição do livro de 31 páginas e ilustrado por Loren Long conta com meio milhão de exemplares.

De acordo com Chip Gibson, da editora Random House - responsável pela publicação da obra - indicou à BBC que o livro celebra “as características que unem todos os americanos - o potencial de seguirem os seus sonhos e de criarem o seu próprio caminho”.

Alguns dos protagonistas escolhidos por Obama são óbvios: George Washington, Abraham Lincoln, Martin Luther King, Albert Einstein e Neil Armstrong. Outros, porém, são mais polémicos, nomeadamente a escolha do chefe índio Touro Sentado (Sitting Bull), cuja capacidade de unir as diferentes tribos nativas contra as forças americanas originou a batalha de Little Bighorn, em 1876, na qual perderam a vida o general George Custer e muitos membros do seu batalhão. Obama descreve o chefe Sitting Bull como um “curandeiro, que sarou muitos corações feridos”. “Apesar de ter sido preso, o seu espírito voou em liberdade por sobre as planícies e a sua sabedoria tocou várias gerações”, escreve Obama no livro. Esta inclusão do chefe Touro Sentado deverá irritar alguns sectores mais conservadores do espectro político norte-americano, para os quais a batalha de Little Bighorn foi uma humilhação militar para os EUA, escreve o “The Independent”.

O livro abre com a pergunta “Tenho-vos dito o quão maravilhosas vocês são?”, dirigida às filhas, de 12 e nove anos. De pergunta em pergunta, Obama vai-se focando, à vez, nas diferentes características dos protagonistas eleitos por si. Referindo-se às pessoas que inspiram outras, o Presidente norte-americano dá como exemplo César Chávez, um ícone sindicalista que co-fundou a National Farm Workers Association e liderou poderosas (mas não violentas) manifestações reclamando mais direitos para os trabalhadores latinos no oeste do país.

As mulheres também não ficaram de fora nesta homenagem às pessoas que ajudaram a criar os Estados Unidos: Obama nomeou a pioneira do jazz Billie Holiday, a pintora Georgia O'Keeffe, a activista e intelectual americana Helen Keller (que era também surda-muda), a criadora do memorial dos veteranos da guerra do Vietname em Washington, Maya Lin, e Jane Addams, Nobel da Paz de 1931, que sempre lutou pelos direitos das mulheres e contra a pobreza.

Prevendo as vozes críticas - que certamente se questionariam porque é que num momento tão difícil para a América o Presidente está a escrever livros para crianças e não a governar - a editora Random House fez saber que Barack Obama escreveu o livro ainda antes de tomar posse e que o Presidente não irá dedicar nenhum tempo à promoção do livro.

Paralelamente, todos os lucros arrecadados com a venda do livro irão contribuir para as famílias dos soldados americanos feridos em combate.

Dois anteriores Presidentes norte-americanos publicaram livros para crianças antes de Obama, embora o tenham feito já depois do fim dos seus mandatos: Theodore Roosevelt publicou “Hero Tales from American History” e Jimmy Carter escreveu a obra “The Little Baby Snoogle-Fleejer”.

Este é o terceiro livro escrito por Obama, depois de “Dreams from My Father” e “The Audacity of Hope”, que se transformaram em best-sellers internacionais (ambos editados em Portugal).

Alguns analistas consideram que este livro poderá ajudar a aumentar a popularidade de Obama, especialmente junto do eleitorado feminino. Uma sondagem da Gallup divulgada este mês indicava que a taxa de aprovação junto do eleitorado feminino ronda agora os 46 por cento, bastante longe dos 70 por cento registados nas semanas após a sua chegada à Casa Branca.

Celinda Lake, presidente da consultora Lake Research Partners, disse em entrevista citada pelo “LA Times” que Obama “tende a falar em termos macroeconómicos, com os quais as eleitoras femininas não se identificam”. “As mulheres tendem a responder mais ao pessoal, ao micro”, disse Lake. “Um dos grupos de eleitores entre os quais Obama não teve grande sucesso foi o das mulheres casadas - incluindo mães - e por isso este livro é uma boa oportunidade”.

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