Iniciativa de Rui Tavares começa a contagiar outros eurodeputados portugueses

Foto
Alguns eurodeputados também admitem doar parte do salário Foto: Vincent Kessler/Reuters/arquivo

Eurodeputado bloquista doa parte do seu salário para bolsas de investigação. Correia de Campos, do PS, tem projecto parecido.

Foi em Junho que o eurodeputado bloquista Rui Tavares anunciou que pretendia doar 1500 euros mensais para bolsas de estudo. No domingo, foram conhecidos os vencedores. São sete e com projectos que vão da cultura à ciência, passando pela investigação política e pela arte.

A ideia pode abrir portas a que outros eurodeputados a sigam, como é o caso de António Correia de Campos, o ex-ministro da Saúde do PS, que vai "desenvolver uma iniciativa semelhante". Também há quem diga fazê-lo, mas prefira a "discrição e não a publicidade, em tudo o que diz respeito ao destino a dar a recursos individuais", como o social-democrata Paulo Rangel. "Mas não sou capaz de criticar quem faz o bem e o dá a saber aos outros", reconhece.

A Rui Tavares juntaram-se três dos quatro humoristas dos Gato Fedorento, Ricardo Araújo Pereira, Miguel Góis e Zé Diogo Quintela. Assim, o valor a distribuir mensalmente subiu para o dobro. Ao todo, serão distribuídos mais de 34 mil euros.

Ontem, o PÚBLICO fez uma ronda pelos 22 eurodeputados portugueses e recebeu apenas sete respostas. Ana Gomes e Edite Estrela não respondem, a primeira porque "não pretende fazer nenhum comentário"; a segunda por estar fora, em trabalho sem disponibilidade.

O PÚBLICO perguntou o que pensam os eurodeputados da iniciativa de Tavares; se seriam capazes de fazer algo parecido e em que áreas.

Correia de Campos, do PS, Maria da Graça Carvalho e Paulo Rangel, ambos do PSD, consideram que a iniciativa é de louvar e deve ser aplaudida. O ex-ministro da Saúde considera que as acções que premeiem "o conhecimento, a inovação, a educação, o desenvolvimento de novas áreas de acção ou de investigação são de acarinhar". Por isso, o seu gabinete está a desenvolver uma "iniciativa semelhante". Correia de Campos vai pegar em "verba própria da dotação" do seu gabinete e criar um programa de estágios para recém-licenciados, a começar já em Janeiro. O objectivo é que estes façam um estágio de três meses, com possibilidade de ser prolongado, inseridos na sua equipa.

A ex-ministra da Ciência e do Ensino Superior Graça Carvalho recorda que todo o seu percurso tem sido "dedicado aos jovens" e ao seu desenvolvimento académico. A eurodeputada recorda a sua experiência enquanto professora do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e das bolsas que mais de 40 alunos receberam. "Abdiquei de receber remunerações desses projectos por forma a que o financiamento obtido fosse aplicado integralmente em bolsas de investigação e equipamento científico", revela.

Apesar da iniciativa de Rui Tavares ser um "exemplo", "em política, é mais importante o trabalho estruturado", diz Rangel. Nesse sentido, defende o trabalho que Graça Carvalho está a fazer na Europa, com o objectivo de criar bolsas para jovens investigadores, em programas europeus de investigação e inovação.

Os deputados do BE Marisa Matias e Miguel Portas "gostam da ideia" e consideram que as perguntas do PÚBLICO "aplicam-se de forma mais efectiva aos membros das outras delegações", não respondendo.

Sugerir correcção
Comentar