Furacão Tomas ameaça sobrevivência de mais de um milhão de pessoas no Haiti

O furacão Tomas chegou ao Haiti com ventos de 140 quilómetros por hora e chuvas torrenciais, ameaçando a sobrevivência de milhares de pessoas que lutam para recuperar do devastador tremor de terra que matou 250 mil pessoas e dizimou a capital, Port-au-Prince em Janeiro, e de uma epidemia de cólera que rebentou há duas semanas e não está ainda controlada.

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Jorge Silva/Reuters

O furacão Tomas chegou ao Haiti com ventos de 140 quilómetros por hora e chuvas torrenciais, ameaçando a sobrevivência de milhares de pessoas que lutam para recuperar do devastador tremor de terra que matou 250 mil pessoas e dizimou a capital, Port-au-Prince em Janeiro, e de uma epidemia de cólera que rebentou há duas semanas e não está ainda controlada.

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Pelos cálculos dos meteorologistas, a trajectória do furacão não passava pela capital, onde mais de um milhão de pessoas vive em campos de refugiados há dez meses. O olho do furacão ficava em pleno mar, entre as ilhas do Haiti e Cuba. Mas como o Haiti se situava do lado este da tempestade, era para lá que se previam os ventos mais fortes e a pior precipitação.

Uma combinação perigosa que potenciava o risco de deslizamentos de terra nas encostas desflorestadas que rodeiam Port-au-Prince e de enchentes nas zonas mais densamente povoadas. As autoridades estavam preocupadas com um recrudescimento da epidemia de cólera, que já matou 400 pessoas e mantém 5000 infectadas.

A AFP avançou esta sexta-feira que o furacão já causou três mortos, mas oficialmente só foi reconhecida uma vítima, uma pessoa que terá sucumbido com a cheia de um rio na região de Grande-Anse, no Sudoeste da ilha.

O Governo e as centenas de organizações não governamentais em actividade naquele país, o mais pobre do hemisfério ocidental, tentaram pôr em marcha um plano de evacuação das populações em zonas mais expostas aos elementos, mas nem sempre foram bem sucedidos nos seus esforços.

No subúrbio de Corailles, a 15 quilómetros da capital, os moradores do campo de Cesselesse, construído depois do terramoto no leito seco de um rio e com capacidade para 7000 pessoas, recusaram-se a abandonar o local com medo que outras pessoas fossem ocupar as suas tendas ou que os seus parcos pertences fossem roubados, relataram as agências.

Foi precisa uma intervenção dos soldados das Nações Unidas, que organizaram transporte para um hospital das proximidades, para que alguns dos residentes aceitassem buscar refúgio do furacão. Mesmo assim, metade dos moradores ficaram para trás, uma decisão que os colocava no topo da lista de candidatos à infecção com cólera.

O abrigo dos refugiados representava um tremendo dilema para as autoridades, que simplesmente não dispunham de lugares seguros para onde direccionar a população. O Presidente do Haiti, René Préval, fez um apelo na rádio para que a população de Port-au-Prince deixasse a capital e buscasse refúgio na casa de familiares ou amigos nas zonas rurais.

O Presidente admitiu não existir capacidade de resposta – sobraram poucos edifícios suficientemente robustos para aguentar a força de um furacão depois do terramoto. “Têm de se ajudar a vós mesmos”, declarou.

“Os amigos que eu tinha morreram no terramoto”, replicou Claudette Pierre, que perdeu o marido e o filho mais velho, de nove anos, e agora vive com os quatro filhos que sobreviveram e uma outra família de cinco pessoas numa tenda num dos campos de Port-au-Prince.

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