Paul Rusesabagina, o gerente de um hotel no Ruanda que acolheu mais de um milhar de refugiados tutsis aquando da guerra civil e do genocídio neste país em 1994, foi acusado pelas autoridades do actual Governo de Kigali de apoiar o movimento das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), que acusam de ser “terrorista”. Rusesabagina tornou-se num herói mundialmente reconhecido quando a sua história passou ao cinema no filme "Hotel Ruanda".

A AFP cita o procurador-geral do Ruanda, Martin Ngoga, que em entrevista à rádio pública deste país da África Centro-Oriental garantiu dispor de “provas sólidas” da implicação de Rusesabagina na acção de Victoire Ingabire Umuhoza. Esta militante da oposição é a candidata, pela UDF (Forças Democráticas Unificadas), às próximas eleições presidenciais no país e é vista por alguns sectores internacionais como “a Mandela” do Ruanda. Mas encontra-se actualmente detida, sob a acusação de participar na “criação de uma organização terrorista”, disse Martin Ngoga.

Foi com o filme “Hotel Ruanda”, realizado pelo inglês Terry George e estreado em Dezembro de 2004, que Paul Rusesabagina (interpretado no filme pelo actor Don Cheadle) se tornou numa figura mundialmente conhecida. Rusesabagina geria, em 1994, o Hotel Mil Colinas, na capital do país, onde acolheu inúmeros refugiados da minoria tutsi, que estavam a ser dizimados pela maioria hutu.

O actual Presidente do Ruanda, Paul Kagame, considera Rusesabagina “um impostor”. E Martin Ngoga acusa-o de estar implicado em transferências de dinheiro para ajudar a campanha de Victoire Ingabire, e que seriam também destinadas aos “rebeldes das FDLR”, actualmente baseados na República Democrática do Congo. As autoridades de Kigali admitem mesmo vir a emitir um mandato internacional de detenção de Paul Rusesabagina, que vive actualmente nos Estados Unidos.