Presidente da Easyjet: "Tiramos partido de períodos de recessão"

A poucas horas de inaugurar a primeira base aérea da Easyjet em Portugal, Carolyn McCall, CEO da empresa, disse que os momentos de crise económica não fazem tremer a companhia de aviação que lidera desde Julho.

E, por isso, prevê que esta nova operação permita angariar mais um milhão de passageiros, que procuram viagens mais económicas. Uma das poucas mulheres no mundo dos aviões, McCall não persegue um crescimento qualquer. Apenas "crescimento rentável".

Por que motivo escolheram Lisboa para instalar a primeira base aérea em Portugal?

É uma cidade muito atractiva, onde circulam, anualmente, 3,6 milhões de passageiros em lazer e outros quatro milhões em negócios. E nós esperamos ainda mais crescimento, porque vamos criar dez novas rotas a partir de Lisboa. A escolha implicou um processo muito rigoroso, durante o qual foram estudadas cerca de 57 cidades. Continuamos a analisar outros aeroportos, mas Lisboa foi considerada uma prioridade.


Apesar de esperarem um crescimento, Portugal tem um dos piores cenários macroeconómicos da Europa. Deve ter havido uma boa razão para decidirem investir no país.

Temos uma visão mais a longo prazo. Uma das razões é o Terminal 2, que é óptimo para a nossa companhia. Significa que a Easyjet vai ter uma área própria dentro do aeroporto e isso é muito vantajoso para os nossos passageiros. Sabemos que a economia portuguesa está a passar por um período difícil, mas passa-se o mesmo no resto da Europa. E a verdade é que a Easyjet tende a tirar partido de períodos de recessão económica.


Isso significa que, ao contrário da maioria das empresas do sector, estão sempre à espera de períodos de crise?

Não se trata disso. Simplesmente conseguimos um bom desempenho, tanto em bons momentos económicos, como em maus. Mas a realidade é que conseguimos ver oportunidades durante as crises porque é mais provável que, em períodos de maior contenção, as pessoas experimentem o nosso serviço. E, assim que experimentam, voltam. A margem de fidelização é grande. Nós já estamos a sair-nos muito bem em Portugal. Somos a segunda maior companhia de aviação do país, a seguir à TAP. E este investimento vai ajudar-nos a crescer mais rapidamente.


Mas a Easyjet ainda tem uma quota de mercado reduzida em Lisboa, comparando com a TAP.

Não nos preocupamos com objectivos de quota de mercado. Perseguimos sempre crescimento, mas crescimento rentável. Essa é a base do nosso sucesso.


A decisão de instalar uma base está relacionada com descontos nas taxas aeroportuárias, negociados com a ANA?

Fazemos sempre negociações com todos os aeroportos e cada um oferece as suas contrapartidas. Em Portugal, já há um processo de apoio bem definido, o programa Iniciative:PT. Não vamos beneficiar mais do que qualquer outra companhia de aviação. E o que beneficiamos é mútuo porque este investimento é bom para a Easyjet, mas também é bom para a economia local. Ao colocarmos uma base em Lisboa, vamos criar postos de trabalho, directa ou indirectamente. Serão 2000 novos empregos. Quando nos comprometemos com um aeroporto, não queremos apenas basear aviões. Queremos tornar-nos uma transportadora local.


Quais foram as contrapartidas oferecidas pela ANA, em termos de redução de taxas?

Não discutimos os nossos acordos com os aeroportos.


E qual vai ser o apoio financeiro do Governo, através do Iniciative:PT?

Depende das rotas que criarmos. Estão previstas mais dez, mas só serão postas à venda na próxima Primavera para começar a voar no Inverno de 2011. O Governo português apoia todas as companhias de aviação através do Initiave:PT, desde que as rotas criadas sejam benéficas para o país.


E de que forma esse apoio vai reverter a favor dos portugueses?

Lisboa vai tornar-se numa das cidades com mais ligações áreas na Europa. Esta base vai permitir um crescimento de mais um milhão de passageiros, nos primeiros dois a três anos. E ainda há a questão dos postos de trabalho.


E os preços vão baixar?

Sim. E vamos continuar a ser transparentes na política de preço, sem esconder taxas e outros extras.


Planeiam abrir mais alguma base aérea em Portugal?

Vamos continuar a estudar essa possibilidade. No entanto, o que fazemos normalmente é focar toda a nossa energia e recursos numa única base.


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