Sócrates defende veto na PT em entrevista ao Financial Times

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Sócrates diz que o Estado "vai usar todos os instrumentos ao seu dispor" Nacho Doce/ Reuters / arquivo

O primeiro-ministro, José Sócrates, defendeu, em entrevista ao Financial Times, o uso da golden share para travar a venda da participação da PT na Vivo à Telefónica por 7,15 mil milhões de euros.

“O Estado vai usar todos os instrumentos ao seu dispor para defender aquilo que acredita serem os melhores interesses da Portugal Telecom e do país”, disse José Sócrates, em entrevista hoje ao jornal Financial Times, que na sua edição de hoje critica a opção do Executivo.

Sócrates afirmou que o Governo tornou claro que a proposta da operadora espanhola é contrária aos interesses da PT.

“A Telefónica enganou-se se acreditou que poderia ir em frente com a oferta, sem levar em conta os interesses estratégicos claramente expressos pelo Governo Português”, afirmou.

Telefónica “falhou” ao não ter em conta a posição do Governo

Para José Sócrates, os direitos preferenciais do Estado em empresas são “um bom instrumento de regulação” que pode ser usado para limitar “a total liberalização da economia”.

“É importante que o interesse económico geral de empresas como a Portugal Telecom sejam tidos em conta”, declarou.

“A golden share é um instrumento a ser utilizado raramente. Esta é a primeira vez que foi usado e fizemo-lo apenas porque a Telefónica falhou ao não ter tido em conta a posição do Governo português”, afirmou o primeiro-ministro.

O Financial Times criticou hoje o bloqueio pelo Governo português à venda da participação da Portugal Telecom na brasileira Vivo à espanhola Telefónica, afirmando que “a estupidez colonial não morreu”.

“O Governo português usou a sua golden share anacrónica e em breve obsoleta para vetar a tentativa de compra da Telefónica”, lê-se hoje na coluna LEX, na última página do jornal, que diariamente comenta e faz análise à actualidade.

“Péssimas razões”, diz o Financial Times

O jornal aponta três razões para a decisão do Governo português: ou pensa que o negócio seria mau para a PT, ou houve uma zanga nos bastidores ou porque quer manter um “campeão português” no Brasil.

“Todas estas parecem péssimas razões para lançar confusão num negócio e deitar fora a própria credibilidade”, comenta o diário, que também faz notícia do assunto no caderno dedicado às empresas.

Todavia, é na influente coluna escrita pelos editores que critica abertamente o Governo português.

O FT considera que os accionistas da PT têm razão para estarem zangados e acredita que o veto não irá manter-se, seja por ilegalidade do uso da golden share ou por intervenção da Comissão Europeia.

Lança ainda o desafio a Bruxelas para “aproveitar esta oportunidade para fazer lei”.

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