Austrália investiga Google por violação de privacidade

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Uma imagem de Sydney no Street View

Depois de França, Alemanha e Espanha, é agora a vez de a Austrália se queixar da Google que, ao recolher imagens das ruas do país para o seu serviço Google Street View, interceptou igualmente dados não encriptados que circulavam através de redes sem fios.

O procurador-geral australiano, Robert McClelland, indicou ter pedido à polícia para investigar o gigante tecnológico por possível violação das leis de privacidade das telecomunicações.

“Estas queixas foram remetidas para a Polícia Federal Australiana na passada sexta-feira”, declarou McClelland. “Estão relacionadas de forma substancial com uma possível violação do Acto de Intercepções de Comunicações, que impede que as pessoas acedam a comunicações electrónicas por motivos não autorizados”, acrescentou.

A Google já admitiu ter recolhido dados através das redes sem fios, mas sublinhou ter-se tratado de um erro, tendo pedido desculpas.

A empresa também já fez saber que irá colaborar com as investigações policiais.

A recolha de dados aconteceu quando os carros da Google percorreram as ruas de algumas das principais cidades do país, com câmaras de 360 graus montadas no tejadilho de veículos do gigante tecnológico, a fim de poderem recolher fotografias para o serviço Street View, da Google Maps.A Google - disse o governo australiano - cometeu provavelmente a “maior violação na história da privacidade”.

A empresa criticou recentemente o plano governamental australiano pelos seus filtros de Internet e, de acordo com a BBC, esta atitude por parte do governo australiano poderá ser, até certa medida, encarada como uma “vendetta” corporativa contra o gigante de Moutain View (Califórnia).

Paralelamente, a Google anunciou entretanto que irá entregar os dados recolhidos através de redes sem fios às autoridades francesas, alemãs e espanholas, depois de estes três países se terem queixado do mesmo problema.

A recolha, porém, era feita apenas nas redes que não estavam protegidas por uma palavra-passe e que estivessem a ser usadas no momento de passagem dos carros. Além disso, nota a Google, o equipamento dos carros está programado para saltar de ligação em ligação a cada cinco segundos, pelo que só pequenos fragmentos de informação deverão ter sido armazenados.

A falha foi descoberta quando, há menos de duas semanas, as autoridades alemãs pediram para auditar a informação que os carros da Google recolhiam. Segundo uma explicação no blogue oficial da multinacional, foi só então que os responsáveis da empresa descobriram que estavam também a recolher informação sobre redes de acesso sem fios à Internet, existentes em muitos hotéis e cafés, mas também em várias casas.

Recentemente, o Canadá também iniciou uma investigação à Google por violações de privacidade relacionadas com o serviço Street View.

Em Portugal, o Street View foi lançado no verão do ano passado e, como em muitos outros países, levantou preocupações de privacidade. A Comissão Nacional de Protecção de Dados argumentou recentemente em declarações ao PÚBLICO que a Google não está a cumprir o requisito de desfocar todas as caras e matrículas fotografadas e já pediu à empresa para resolver o problema.

Notícia substituída às 15h20
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