PSP nega recurso a meios electrónicos para silenciar telemóveis na sede do BPP

"Não usámos material electrónico para esse fim", garantiu à Lusa uma fonte do Comando Metropolitano da PSP.

"A verdade é que ficámos todos sem telemóvel ou com sinal muito fraquinho", contrapôs Ângela Soares, uma das clientes do BBP envolvidas na ocupação da agência bancária.

"Havia telemóveis de várias operadoras e aconteceu com todas. Foi tudo muito estranho", acrescentou.

A quebra nas comunicações aconteceu, segundo a cliente, "cerca de 15 minutos antes de responsáveis policiais terem dado ordem de evacuação".

Ângela Soares disse que, na altura, alguns ocupantes estavam ao telemóvel com jornalistas, informando-os de que iriam ser retirados pelas traseiras e não pela frente do edifício.

"Podia ter sido coincidência, mas é estranho", afirmou.

Duas operadoras de telemóvel que a Lusa contactou, a TMN e a Optimus, não responderam em tempo útil a pedidos de esclarecimento sobre eventuais quebras ou perdas de sinal na zona das instalações bancárias, na Avenida Montevideu, zona ocidental do Porto.

A PSP pode silenciar as comunicações telefónicas em determinado perímetro se entender que a medida é necessária para proteger vidas ou salvaguardar provas de crimes.

Fonte policial disse que este tipo de acção é admitida nas leis de Segurança Interna e de Organização da Investigação Criminal, mas carece de autorização, caso a caso, do Ministério da Administração Interna ou da Direcção Nacional da PSP.

A medida foi usada, por exemplo, no assalto (fatal para um dos envolvidos) no BES de Campo de Ourique, Lisboa, em Agosto de 2008. Na maior parte das vezes é usada quando se teme que alguém possa usar telemóveis para activar explosivos.

De acordo com a fonte, este trabalho é realizado sempre por elementos do Centro de Inactivação de Engenhos Explosivos e Segurança em Subsolo (vulgo Brigada de Minas e Armadilhas), um subdepartamento da Unidade Especial de Polícia.

Os clientes do Banco Privado Português que ocuparam ontem a sede do banco no Porto abandonaram as instalações da instituição por volta das 12h30, depois de, segundo dizem, terem recebido ordens da polícia nesse sentido.