Administração do BPP encerra instalações no Porto depois de polícia expulsar manifestantes

“A administração reitera que compreende o desespero dos clientes, que estão impedidos de aceder às suas poupanças há cerca de um ano, mas apela-lhes que se abstenham de assumir este tipo de atitudes, que só os prejudicam”, refere em comunicado o organismo nomeado pelo Banco de Portugal.

“As instalações do Porto do BPP vão manter-se encerradas nos próximos dias e até estarem repostas todas as condições de segurança que permitam o seu regular funcionamento”, adianta o organismo, que assegura que irá “continuar o diálogo” e o “esforço de informação aos clientes”.

Os manifestantes iniciaram hoje um protesto no interior da sede do banco no Porto, onde pretendiam manter-se indefinidamente, prometendo não desmobilizar até à apresentação de uma solução definitiva para as suas poupanças.

De acordo com o BPP, o “pequeno grupo” acedeu às instalações “a pretexto de uma reunião que estava marcada entre um desses clientes e uma gestora do banco” e terá agido “à revelia das associações de clientes constituídas”.

Terão recebido ordem de evacuação cerca das 11 horas, depois de “proferirem várias ameaças aos colaboradores do banco” e, já a meio da tarde, alguns “forçaram o portão de entrada nas instalações, impedindo dessa forma qualquer tipo de controlo sobre entradas e saídas”.

Esta situação, prossegue a administração provisória, “colocava as instalações do banco e os arquivos de clientes vulneráveis às investidas de todo o tipo de indivíduos, com propósitos e objectivos que não se conhecem nem é possível apurar nem controlar”, deixando a documentação “à mercê de todo o tipo de abusos e de aproveitamentos da sua, já por si, lamentável situação”.

Depois de ter tentado, “sem sucesso, estabelecer pontes de diálogo” com o grupo, a administração “solicitou às autoridades policiais que interviessem no sentido de repor a legalidade, promovendo a retirada das pessoas que ocupavam a instituição”.

Até às 13:00 de hoje, o carro de um dos clientes estava a bloquear a entrada da sede do BPP na Rua de Gondarém.

Três carros da PSP chegaram então ao local e pediram que o carro fosse removido da entrada do banco, tendo os portões da instituição sido encerrados após a remoção do carro.

Os clientes do BPP já se manifestaram no interior da sede do BPP por várias vezes. No mês passado, aí se concentraram para assinalarem os 12 meses que passaram desde que o Banco de Portugal negou o pedido de financiamento de João Rendeiro.

Foi a 24 de Novembro de 2008 que Vítor Constâncio anunciou que o Banco de Portugal deu parecer negativo ao pedido de garantias estatais para um financiamento de 750 milhões de euros ao BPP, solicitado por João Rendeiro, levando à intervenção das autoridades no banco, que actualmente ainda se mantém.

No comunicado hoje divulgado, a administração reitera “o compromisso de, com as limitações que são públicas, dado que não possui qualquer capacidade de decisão última, tudo continuar a fazer para promover a resolução rápida do problema dos clientes”.