Chefe da diplomacia da UE procura demarcar-se do eurocepticismo britânico

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Ashton, britânica de 53 anos, foi nomeada pelos líderes da UE a 19 de Novembro Yves Herman/Reuters

Esta posição foi expressa durante um primeiro encontro da nova alta representante da UE para a Política Externa com a comissão dos assuntos externos do PE, no que constituiu uma espécie de ensaio geral da grande audição sobre as suas competências a que será submetida em Janeiro.

Ashton, britânica de 53 anos que foi nomeada pelos líderes da UE a 19 de Novembro e tomou posse há apenas dois dias, foi particularmente confrontada com a sua falta de experiência no plano das relações externas (excepção feita do último ano em que foi a comissária europeia responsável pelo comércio), ou por nunca ter exercido qualquer cargo eleito. "Por que é que aceitei o posto? Porque fui escolhida pelos vinte e sete chefes de Estado ou de Governo", respondeu a um conservador britânico particularmente crítico. "Posso não ser a sua escolha, mas acontece que sou a deles", acrescentou. A alta representante pro-curou aliás convencer os deputados que o facto de se apresentar com "uma página em branco" poderá ser uma vantagem para o PE, que poderá ajudá-la no seu preenchimento.

Ao mesmo tempo, Ashton, feita ba-ronesa de Upholland há dez anos, esforçou-se por dissipar o cepticismo de muitos deputados pelo facto de ter feito parte do Governo trabalhista do Reino Unido, um dos que mais se têm oposto ao desenvolvimento de uma diplomacia europeia e de uma defesa comum. "Não sou uma extensão do Governo britânico", garantiu, prometendo assumir "um ponto de vista europeu" no exercício das suas novas funções. "Acontece que sou conhecida como pró-europeia no meu país, e orgulho-me disso", acrescentou.

"Não precisamos que pare o trânsito", sublinhou um deputado socialista, numa referência à afirmação de David Miliband, chefe da diplomacia britânica, que justificava a sua defesa da escolha de Tony Blair para presidente da Conselho Europeu com a afir-mação de que a UE precisava de alguém "capaz de parar o trânsito em Washington ou Pequim". "O que lhe pe-dimos é convicção, visão, ambição, compromisso com a causa europeia e lealdade institucional", prosseguiu o mesmo deputado. "A minha ambição não é parar o trânsito, mas mantê-lo em movimento", retorquiu Ashton.

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