Google quer transformar uma das mais antigas ferramentas da Net

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O Wave permite integrar imagens, vídeos e aplicações nas conversas

A Google está a trabalhar numa ferramenta que tem a ambição de transformar uma das tecnologias mais antigas da Internet e que ainda hoje é aquela que que mais tempo ocupa aos cibernautas: o e-mail.

O Google Wave – uma ferramenta de comunicação em tempo real que mistura o e-mail com o conceito de chat – provocou um pequeno tumulto na blogosfera e na imprensa especializada quando foi anunciado, em Maio.

O serviço, a que ainda só é possível aceder por convite, já tem largos milhares de utilizadores e as críticas estão longe de ser consensuais. Há quem diga que, com a parafernália de ferramentas de comunicação já existentes, este Wave é inútil. E há quem argumente que é o início de um novo paradigma.

Em vez de funcionar num sistema de mensagens trocadas entre utilizadores (que é o que acontece no e-mail, que se inspira no correio postal), os utilizadores do Wave podem criar um tópico de conversa (chamado “onda”) que fica centralizado no serviço da Google.

A qualquer momento, um utilizador pode convidar um qualquer número de pessoas a participarem na conversa. Sempre que uma pessoa se junta à conversa, pode ler e modificar a toda a informação já colocada na “onda”.

Os participantes não precisam de estar todos online no mesmo momento e, neste caso, a ferramenta assemelha-se ao e-mail. Mas, se estiverem online em simultâneo, é possível que todos escrevam na “onda” ao mesmo tempo e todos vêem – em tempo real e letra a letra – o que todos os outros estão a escrever.

É possível integrar nas “ondas” vídeos, imagens ou mesmo aplicações, como videojogos ou, por exemplo, um inquérito que pergunte aos participantes da conversa o restaurante que preferem para ir jantar nessa noite.

O Wave tem também uma vertente profissional: colegas de trabalho poderão estar a editar em simultâneo o mesmo documento.

Numa videoconferência para jornalistas, esta sexta-feira, um dos criadores do Wave, Lars Rasmussen, classificou a ferramenta como estando “a meio caminho entre um documento e uma conversa”. E admitiu que ainda há muito trabalho de desenvolvimento pela frente.

Os planos da Google não passam apenas por criar um novo serviço. A ideia é permitir que outras pessoas ou empresas possam vir a usar a tecnologia para criarem ferramentas que funcionem integradas no Wave.

Esta estratégia não é muito diferente da do Facebook, que (e este foi um factor que ajudou ao enorme sucesso do site) permite a qualquer pessoa criar aplicações (como os populares inquéritos) para serem usadas dentro da rede social.

Rasmussen adiantou mesmo que a criação de uma loja destas aplicações poderia ser um modelo de negócio para o Wave.

As lojas de aplicações estão a ser muito usadas pelos fabricantes de smartphones, como a Apple, e o conceito é simples: qualquer pessoa pode desenvolver uma aplicação (no caso da Apple, para funcionar no iPhone ou no iPod Touch) e pô-la à venda. A empresa fica com uma percentagem das receitas.

Outras formas de rentabilizar o Google Wave, acrescentou ainda o criador da ferramenta, podem ser os anúncios publicitários (que já existem em produtos como o GMail e que são a maior fonte de receita da Google) ou a venda a empresas, eventualmente como parte do pacote de aplicações online chamado Google Apps (e que inclui editores de texto, agendas, editores de folhas de cálculo e e-mail) que a Google já disponibiliza. As Google Apps são gratuitas para uso pessoal, mas a Google cobra 50 dólares por ano e por utilizador às empresas.

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