Abdullah Abdullah acusa campanha de Karzai de fraudes maciças

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O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que a sua campanha entregou cem denúncias às entidades competentes Omar Sobhani/Reuters

O principal adversário de Hamid Karzai acusou a campanha do Presidente de ter cometido “fraudes maciças” nas eleições de quinta-feira, dizendo temer que as irregularidades ponham em causa a legitimidade do escrutínio. Até ao momento, a comissão encarregue de investigar as denúncias disse ter recebido 225 queixas.

Enquanto o país aguarda pelos primeiros dados oficiais, prometidos para terça-feira, Abdullah Abdullah pede uma investigação aprofundada às “100 queixas” apresentadas pela sua candidatura. “As informações iniciais que recebemos são alarmantes. Poderão ter existido milhares de violações [à lei eleitoral] em todo o país”, afirmou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros. Segundo estudos de opinião conduzidos antes das eleições, Abdullah poderá obrigar Karzai a disputar uma segunda volta.

As irregularidades, diz, tiveram como propósito beneficiar o Presidente cessante e foram cometidas “pelos responsáveis da sua campanha, pelo aparelho de Estado e pelos funcionários governamentais”.

Abdullah desconhece se as fraudes foram suficientes para alterar os resultados, mas alega que foi nas províncias de Kandahar e Ghazni, no Sul do país, que tiveram maior dimensão.

É no Sul do Afeganistão, de maioria pashtun, que Karzai goza de maior apoio, mas foi ali que a intimidação dos taliban mais afastou os eleitores das urnas. Mas, nestas regiões, a taxa participação comunicada pelos responsáveis eleitorais é “quatro vezes superior” aos dez por cento previstos pelos observadores, denuncia o antigo ministro.

A Comissão de Queixas Eleitorais revelou ter recebido, até ao momento, 225 denúncias, das quais 35 estão a ser tratadas como prioritárias. São, acima de tudo, queixas de intimidação, violência ou violação das urnas de voto.

As presidenciais, que decorreram em simultâneo com as eleições para os conselhos provinciais, são vistas como uma etapa crucial na nova estratégia norte-americana para a estabilização do país. Mas ainda que os rebeldes não tenham conseguido impedir o escrutínio, a situação no terreno “está a degradar-se”, admitiu ontem o chefe de Estado Maior americano. “A insurreição está a progredir, a tornar-se mais sofisticada nas suas tácticas”, disse o almirante Mike Mullen, acrescentando que ainda não foi tomada qualquer decisão sobre o envio de mais tropas para o terreno.

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