Sócrates garante todas as obras do Regadio da Cova da Beira "no terreno" até final da legislatura

Todas as obras que restam para concluir o Regadio da Cova da Beira vão estar no terreno até ao final da actual legislatura, anunciou hoje o primeiro-ministro, José Sócrates, acrescentando que "já não era sem tempo".

"Este regadio durou 50 anos", desde que foi projectado até hoje, afirmou, classificando-o como "um projecto que desafiou a paciência a todos". "É por isso que o facto de ser primeiro-ministro no momento em que acelerámos este projecto me dá particular satisfação", destacou José Sócrates na cerimónia de adjudicação dos blocos de rega da Covilhã e Fundão, que decorreu hoje no reservatório de Monte do Bispo, Belmonte.

O primeiro-ministro destacou que a cerimónia lhe disse muito "a nível pessoal". "Fiz toda a minha carreira política a falar do Regadio da Cova da Beira", referiu, numa alusão aos tempos em que fazia política na região. Durante a cerimónia, o primeiro-ministro abriu simbolicamente as comportas do canal condutor principal do regadio, que tem uma extensão de 61,6 quilómetros.

Na próxima semana será adjudicado o bloco da Capinha e será publicado o concurso "para a última obra", o bloco da Fatela, que deverá ser adjudicado dentro de "um ou dois meses", referiu José Sócrates. "Até ao final da legislatura todas as obras para concluir o Regadio da Cova da Beira vão estar no terreno", acrescentou.

"O investimento é importante, em particular no interior, para dar mais oportunidades às empresa e aos portugueses, que esperam que o Estado faça mais investimento para que tenham mais oportunidades de emprego", destacou ainda o primeiro-ministro. "Este regadio já não podem rasgar", acrescentou, numa alusão às críticas que lançou à oposição no sábado e em que acusou a direita de querer "rasgar" as políticas sociais e de modernização do Governo.

José Sócrates desafiou ainda a Associação de Regantes a divulgar o Regadio da Cova da Beira junto dos proprietários.

"O defeito do regadio foi demorar este tempo todo a ser feito, mas penso que ainda vai ser muito utilizado", referiu aos jornalistas António Gomes, presidente da associação, que lamentou não haver maior agrupamento de terrenos.

Ainda assim, acredita que a actual média de cinco hectares por beneficiário na zona do regadio "pode chegar para dar origem a projectos agrícolas importantes". Só no bloco da Meimoa (o mais antigo) a situação é mais crítica, com a média a cair para 1,2 hectares por beneficiário.

"Mas também aí o regadio deve manter-se por questões sociais. Não dá rentabilidades, mas temos muitos agricultores com cerca de 80 anos que ali trabalham todo o dia", sublinhou.

Segundo António Gomes, o regadio tem actualmente cerca de 1200 beneficiários que aproveitam 60 a 70 por cento dos cerca de 6400 hectares abastecidos nos blocos da Meimoa e Belmonte/Caria. Ou seja, há 40 a 30 por cento de terras "onde já há água, mas ainda não é aproveitada", especialmente no bloco Belmonte/Caria, onde chega pela primeira vez este ano "e as pessoas ainda não têm equipamento de rega".

O Regadio da Cova da Beira é o segundo maior aproveitamento hidroagrícola em construção. Quando estiver concluído, representará um investimento global de cerca de 322 milhões de euros, abrangendo 12 360 hectares de terrenos.

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