Grupo de Arraiolos reconhece necessidade de UE se aproximar dos cidadãos

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Para Cavaco, os governos dos 27 "têm de explicar aos cidadãos que a UE é um valor acrescentado" Katarina Stoltz/Reuters (arquivo)

Os Presidentes de Portugal, da Itália, da Alemanha, da Áustria e da Hungria reafirmaram hoje em Nápoles o empenho na aprovação do Tratado de Lisboa e reconheceram a necessidade de a União Europeia se aproximar dos cidadãos.

Na conferência final do encontro do Grupo de Arraiolos, que decorreu ontem e hoje na cidade italiana de Nápoles, o chefe de Estado anfitrião, Giorgio Napolitano, admitiu que é preocupante a baixa participação nas recentes eleições para o Parlamento Europeu (PE). Napolitano referiu que os cinco Presidentes afirmaram a necessidade de uma "comunicação mais intensa" sobre o trabalho desenvolvido pelo PE e pelas restantes instituições da União Europeia (UE).

O Presidente italiano admitiu igualmente a necessidade de "motivação" para que a UE se afirme perante os seus cidadãos e reconheceu que as instituições europeias "são muitas vezes o bode expiatório" quando os governos têm de tomar medidas impopulares.

O futuro do Tratado de Lisboa

Antes das perguntas dos jornalistas, os cinco chefes de Estado responderam a questões colocadas por estudantes italianos, um dos quais quis saber quais as expectativas do Presidente alemão sobre o processo de ratificação do Tratado de Lisboa, tendo em conta uma petição contrária submetida ao Tribunal Constitucional do país.

Não querendo adivinhar a decisão do Tribunal Constitucional alemão, Horst Kholer disse esperar que seja favorável à ratificação do documento.

Aníbal Cavaco Silva também foi questionado por um estudantes sobre as recentes eleições europeias, tendo reafirmado que não está satisfeito com a reduzida participação dos eleitores e que os governos dos 27 "têm de explicar aos cidadãos que a UE é um valor acrescentado". "A União Europeia tem de convencer os europeus que tem soluções para os problemas", frisou Cavaco Silva, admitindo ser "paradoxal" a reduzida participação dos eleitores com o aumento dos poderes do PE. "Estou optimista sobre o futuro da União Europeia, mas há muito a fazer para convencer os cidadãos que precisam de mais Europa e não menos Europa", disse.

Cavaco Silva - que regressou a Lisboa após o encontro - acrescentou estar "convencido de que os líderes europeus encontrarão respostas adequadas à falta de interesse" dos cidadãos nas eleições.

Horst Kholer defendeu que a UE "pode fazer melhor trabalho em África", ao ser questionado sobre a União para o Mediterrâneo, proposta pelo Presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Kholer frisou também que a crise internacional "ainda não acabou" e congratulou-se que a UE, os Estados Unidos e os países do G20 tenham concordado em adoptar medidas para a enfrentar, mas alertou para a necessidade de se evitar políticas proteccionistas.

O Grupo de Arraiolos - assim chamado por o primeiro encontro se ter realizado naquela vila alentejana, em 2003 - reúne Presidentes dos 27 sem poderes executivos, como frisou Giorgio Napolitano. Os chefes de Estado da Letónia, da Polónia e da Finlândia não participaram no encontro de Nápoles, por questões de agenda interna.

A Hungria será o país anfitrião da próxima reunião do Grupo de Arraiolos, ainda sem data marcada.

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