Chávez vai falar durante quatro dias aos venezuelanos

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O programa costuma ser espaço para telefonemas a Fidel ou para a demissão de ministros Reuters

O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, vai comemorar o décimo aniversário do seu programa “Alô, Presidente” com uma megatransmissão de nada mais nada menos que quatro dias. Foi o próprio que anunciou.

“Isto vai começar na quinta. Faremos um intervalo e recomeçaremos na sexta, sábado e terminaremos domingo à tarde ou à noite”, disse o líder bolivariano.

O programa começou um ano depois das eleições de 1998, com o objectivo de aproximar o Presidente das pessoas, acabando por se transformar num instrumento mais do que de comunicação – de propaganda. A AFP refere-se à série semanal como uma verdadeira telenovela, em que o antigo oficial golpista e admirador da revolução cubana fala de política e de uma série de coisas colaterais, incluindo o amor e a gastronomia.

Nestes quatro dias, não é impossível que entre canções e anedotas não seja afastado algum ministro ou anunciada alguma nova nacionalização.

“É um telepresidente. A sua voz tornou-se a música de fundo que acompanha permanentemente o país”, disse à agência francesa Alberto Barrera, historiador e autor da biografia de referência “Chávez sem uniforme”.

“O Presidente propôs aos venezuelanos uma nova ideia de política, irremediavelmente ligada à televisão: um bom político tem de ser antes do mais um showman”, afirma.

Em regra os jornalistas não são convidados para a série. Mas sempre que o líder fala, seguem-no atentamente.

O sociólogo Túlio Hernández diz que o Governo de Chávez se tornou “provavelmente o mais mediático da América Latina”, na sequência do seu carisma pessoal.

“Um programa de quatro horas alimenta a ideia mítica de que é um homem dotado de uma grande força e de vontade, que não se cansa. Qualquer coisa de heróico”, explica.

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