Reino Unido: Escândalo dos gastos de deputados chega aos Liberais Democratas

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O líder liberaldemocrata, Nick Clegg Reuters/Phil Noble

Depois dos trabalhistas e dos conservadores britânicos é agora a vez dos Liberais Democratas – em ascensão nas sondagens – de serem visados pelas revelações que o diário "The Daily Telegraph" está a fazer dos gastos que os deputados do Reino Unido cobraram aos dinheiros públicos.

A terceira força partidária britânica foi atingida ontem à noite pela primeira vez, desde que o jornal começou a divulgar tais informações há cinco dias, no mesmo dia em que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown – ele próprio a sair manchado na investigação – revelou que será feita uma auditoria independente a todas as despesas dos deputados nos últimos quatro anos.

“É uma medida radical, mas necessária”, afirmou o chefe do Governo numa entrevista ao canal Sky News ontem à noite. “Não é suficiente que este ou aquele deputado faça um anúncio aqui e ali”, avaliou, precisando que o inquérito independente visará todas as despesas cobradas pelos deputados aos dinheiros públicos nos últimos quatro anos.

A investigação do "Telegraph" – que obteve um CD-ROM do comité de despesas da Câmara dos Comuns – às cobranças duvidosas dos deputados visou desta feita 12 dos libdems, incluindo o seu antigo líder, Menzies Campbell, que apresentou facturas de mais de 10 mil libras pela renovação do seu apartamento no bairro londrino de Pimlico, incluindo artigos como sabonetes e piaçabas. A conta apresentada e reembolsada a Campbell menciona ainda cortinados no valor de 538 libras, prateleiras de 1.420 libras, uma cama de 1.024 libras e uma conta de decorador de 1.515 libras.

Na véspera, antes mesmo de o "Daily Telegraph" revelar na sua edição online as despesas questionáveis cobradas pelos liberais democratas, o actual líder do partido, Nick Clegg, prometera que todo o dinheiro ganho pelos seus deputados na venda das suas segundas casas seria reembolsado aos dinheiros públicos. Todos os deputados britânicos, incluindo ministros, que são eleitos por círculos fora de Londres estão legalmente autorizados a gastar até 24 mil libras anuais (cerca de 27 mil euros) com uma segunda residência cuja localização pode até nem ser na capital britânica.

Na mesma linha, o líder dos Tories, David Cameron – ele próprio enrolado no escândalo pela cobrança de uma limpeza de trepadeiras na sua casa – exigiu aos membros do partido que devolvam o dinheiro que obtiveram na cobrança de algumas despesas, assim como a futuramente a descriminarem online aquilo que pretendem lhes seja pago pelos dinheiros públicos.

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