Nova série O Mentalista estreia hoje na RTP2

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Patrick Jane (Simon Baker) é um leitor exímio de personalidades em O Mentalista DR

Os procedurals, esse subgénero das séries que parece reproduzir-se como coelhos, estão para ficar no ecossistema televisivo. São uma espécie um pouco negra mas essencial para o equilíbrio do ecossistema, tal como as baratas, que, dizem, sobreviverão sempre, mesmo num holocausto nuclear. No caso dos procedurals criminais, e parando com as analogias zoológicas, não só sobrevivem a tudo como estão no topo da cadeia alimentar: são as séries mais vistas do mundo (pense-se na dinastia CSI). No caso de O Mentalista, que hoje às 22h40 se estreia em Portugal em primeira mão na RTP2 (o AXN programou-a para depois do Verão), esta foi a nova série de 2008/09 mais vista nos EUA.

O Mentalista estreou-se no final de Setembro na CBS, um mês e pouco antes das eleições presidenciais, e ganhou logo 15,6 milhões de espectadores. Entrou no top 10 dos programas mais vistos de um país absorvido pela corrida à Casa Branca e não parou de ganhar espectadores. Esta temporada termina dia 19 e até agora a média de espectadores que a segue ronda os 17 milhões. Nunca mais saiu do top 10 e tornou-se uma das chancelas da CBS, um canal que também tem CSI, NCIS - Investigação Criminal, Mentes Criminosas, Casos Arquivados e Sem Rasto.

Nota-se um padrão? Claro. Os procedurals (género que se foca na investigação de um acontecimento - clínico, policial ou judicial) e a audiência mais velha eram tradicionalmente as armas e alvos do canal. Com O Mentalista, o cenário alterou-se. A CBS tornou-se, a certo ponto da temporada televisiva, o canal mais visto e a audiência mais desejada (18 aos 49 anos) estava frente ao ecrã. O Mentalista foi coroada como a única nova série que valia a pena, o êxito singular da temporada.

O principal motivo? É mais uma sequência de casos abertos e fechados num só episódio, tem um protagonista bem-parecido e tem um truque: Patrick Jane (Simon Baker) é um leitor de personalidades exímio. Entre a observação e a manipulação, trabalha numa unidade policial como consultor depois de ter andado a fingir que era médium e de ter trabalhado como mentalista (aqueles que actuam fingindo ser capazes de ler mentes, quando na verdade usam poderes de observação e sugestão). E pronto, lá resolve uns casos com o resto do elenco, tenta resolver o seu passado complicado e faz dupla com Teresa Lisbon (Robin Tunney).

Mas parece haver outro motivo para estas séries estarem em tal alta. Em tempo de crise, são como uma panaceia que parece pôr ordem no mundo, 50 minutos de cada vez. "É um bocado um cliché, mas na CBS são os bons que ganham", disse a presidente da CBS, Leslie Moonves, ao "New York Times". Enquanto os outros canais arriscam com títulos e temáticas mais complexas, de nicho ou exigentes (lá temos de falar de Perdidos, mas também de Dexter, Mad Men ou mesmo Terminator: As Crónicas de Sarah Connor), O Mentalista é simples e eficaz como "um rolo de carne de primeira", como descreve James Poniewozik na Time. Leslie Moonves corrobora: é como "comida para confortar".

Feito à antiga, sem grandes exigências aos espectadores, feita para aquele "grupo de pessoas que não querem que a televisão mude", como nota Poniewozik. O que é bom, leia-se.

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