Maré negra causada pelo petroleiro "Exxon Valdez" foi há 20 anos

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Como resposta a este acidente, o Congresso americano aprovou em 1990 o Oil Pollution Act David Ademas/Reuters (arquivo)

A 24 de Março de 1989, o petroleiro "Exxon Valdez", da ExxonMobil derramou 40 milhões de litros de crude na costa do Alasca. Cerca de dois mil quilómetros foram afectados. O que mudou 20 anos após o desastre?

Passava pouco da meia-noite de 24 de Março de 1989, quando o petroleiro "Exxon Valdez" embateu num recife do Golfo do Alasca. O resultado foi o derrame de 40 milhões de litros de crude, espalhados por cerca de 2000 quilómetros da costa alasquiana. Apesar de não ter sido o derrame de petróleo mais grave, este acidente fez com que governos e cientistas se preocupassem mais com os problemas ambientais.

Na tentativa de minorar os danos, a ExxonMobil gastou mais de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros) nos esforços de limpeza da costa e distribuiu cerca de 900 milhões de dólares (674 milhões de euros) entre o estado do Alasca, alguns cidadãos e o Exxon Valdez Oil Spill Trustee Council (órgão destacado para supervisionar a recuperação do ecossistema) para uso na investigação do impacto do desastre. No entanto, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decidiu em 2008 diminuir o montante da indemnização a ser paga aos habitantes da área afectada pelo derrame. Dos 2,5 milhões de dólares (1,8 milhões de euros) estabelecidos previamente, a empresa terá agora que pagar apenas 500 milhões (370 milhões de euros).

O Impacto no Ambiente

Com o movimento de ondas e o efeito de alguns micróbios, o crude desapareceu rapidamente de algumas praias. No entanto, poças de petróleo ainda podem ser encontradas à superfície, ou debaixo do solo, o que pode pôr em risco a vida das lontras que escavam as praias à procura de alimento. Estima-se que entre 100 mil e 700 mil aves morreram devido ao desastre. Vinte anos depois, a população da maioria das espécies voltou aos níveis de antes do desastre ou está a recuperar bem.


De acordo com um artigo da "Nature" publicado na sexta-feira, o arenque, uma das maiores fontes de rendimento dos pescadores locais, foi das poucas espécies marinhas que não recuperou do desastre. No entanto, o derrame não é visto como o único responsável pelo quase desaparecimento deste peixe na zona. A sua pesca em excesso, o aumento de doenças ou o desaparecimento de fontes de alimento podem também ter contribuído para este fenómeno.

Em 2001, o jornal "Los Angeles Times" descobriu que vários membros da equipa de limpeza tiveram problemas de saúde relacionados com o acidente, desde dores de cabeça a queimaduras químicas e problemas respiratórios.

O que foi feito para evitar este tipo de desastre?

Como resposta a este acidente, o Congresso americano aprovou em 1990 o Oil Pollution Act, que obriga as companhias petrolíferas a elaborar planos de prevenção de derrames, assim com planos de emergência, caso um derrame não seja evitado.


Várias experiências no terreno do desastre levaram à criação de métodos menos poluentes de limpeza de derrames, como o uso das bactérias Pseudomonas aeruginosa.

Em resposta a alegações da ExxonMobil de que nem todo o óleo derramado vinha do "Valdez", mas de minas e de plataformas petrolíferas, cientistas aperfeiçoaram a arte de detecção dos hidrocarbonetos, permitindo determinar a origem do petróleo derramado.

A mudança mais significativa terá sido a proibição da entrada de navios petroleiros de um só casco, idênticos ao "Valdez", nos portos norte-americanos e europeus. No entanto, o "Exxon Valdez" ainda se encontra em serviço no Leste da Ásia, após ter sido vendido à norte-americana SeaRiver Maritime International Inc. e rebaptizado como "Mediterranean".

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